quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O Canário e o Passarinho

Foi notícia do Jornal Hoje neste dia:
Um passarinho ficou preso no alto de um poste por linhas de pipas por três dias. Populares chamaram os bombeiros e a central de energia da cidade (que agora não lembro qual).
O passarinho sobreviveu porque um canarinho levava comida no bico diariamente ao passarinho. Tão logo foi resgatado um dos moradores, com todo o cuidado, tratou de retirar a linha enrolada nas patinhas do passarinho. Outro levou o bichinho a um veterinário onde, provavelmente, recebeu os devidos cuidados, pois a matéria foi até aí. A matéria, não eu.
Este caso seria tema para, pelo menos, uns três contos: sobre amizade, sobre solidariedade, sobre amor ao próximo...
Há dias minha amiga me pedia um texto para o Face, pois ainda não havia conseguido cestas básicas suficientes para serem doadas no natal. Coisa que fazemos há cinco anos a crianças que são assistidas pela Pastoral da Criança da localidade de Outeiro, local bastante carente de nossa cidade. Mas nada de vir a inspiração que, depois do jornal, agradeci ao canarinho.
Fiquei tão emocionada com o gesto do bichinho, aliás, com todos eles: com a lição de resiliência do passarinho que tranquilo esperava pela comida que lhe era oferecida na boca, enfrentando, sol e chuva por três dias; com a lição de amizade do canarinho (pra mim, personagem principal da história) que diariamente dividia com o próximo o seu pedaço de pão; com a demonstração de cuidado do morador que, cuidadosamente, cortou e desenrolou o fio das patinhas; com o zelo do agente de energia que "perdeu seu tempo" colocando uma escada e indo até o alto do poste resgatar o bichinho e com aquele que também doou seu tempo para ir atrás de um veterinário para cuidar da ave.
As pessoas deviam se inspirar nesses personagens da vida real já que o mundo anda tão do avesso e tão avesso. Mas não vou dissertar sobre isso, quem tem consciência e pingo de noção sabe muito bem o que é viver neste mundo, neste país egoísta.
Eu desejo ser canarinho, quem sabe assim, quando talvez me encontre na condição de passarinho, não encontre o exército do bem pra me salvar.