sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Então...é Natal


A época é a mais bonita de todas e a data  a mais importante do calendário Juliano. Estou no shopping, trabalhando...e a única impressão que consigo ter é de um Natal de presentes (e o menino lá com seu incenso, ouro e mirra...), de preocupações com a roupa a se vestir (e o menino lá, desnudo em sua manjedoura...). Um corre corre desenfreado pelo melhor par de sapatos ( e o menino lá, descalço e sinalizando: "tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que pisas é santo!"). Pessoas no Natal se perdoam, pedem desculpas, fazem as pazes (e o menino lá, veio para perdoar sem época, sem data, sem censura).
É Natal. E o que você fez pra lembrar que, na verdade, o que impora é que há mais de dois mil anos O menino nasceu? Muitos se lembram dos presentes, da ceia, dos perdões. Mas quantos se lembram do verdadeiro aniversariante. Muitos correm pra uma foto com o Papai Noel, mas correm do Papai do Céu. Celebram, cantam, dançam, embriagam-se, mas não unem as mãos pra fazer uma oração e agradecer pelo bem que ainda resta. O mundo anda tão cheio de coisas sujas, feias, absurdas, desumanas.
Que todos possamos fixar os olhos nos olhos do menino, e entender que o Natal é Ele, que ainda hoje, depois de tantos séculos, segue buscando onde nascer.
Ofereça-lhe lugar em seu coração e conhecerá o verdadeiro, puro e único significado do Natal:
Nasceu Jesus, nosso Salvador!

domingo, 18 de dezembro de 2011

O xote da menina

A menina quando nasceu na seca anunciou que era hora de cessarem as lágrimas. Depois da semente que não havia germinado quis Deus ofertar a oportunidade de uma nova crescer e fulorecê. Como era dengosa a menina que demorou, demorou e demorou a enjoar da boneca quando o amor chegou no coração. Distribuía chamego, amizade, carinho e fidelidade. Era tola, ingênua, "cabôca" e feliz. Fazia tamancos de lata de leite com corda de sisal pra deixar de lado meias compridas e sapatos baixos em seu toc toc quase galopante pelo "xagão" da vó materna. De mentira e de verdade começou a trabalhar cedo: primeiro das plantas, pedras, areia, frutas e árvores de um quintal que nada se parecia com Sertão fazia sua taberna e "vendia" seus produtos ao primo-irmão; depois,a  convite, recebeu seu primeiro "salário": R$80,00 divididos semanalmente que a fez deixar de lado o gibão. Apaixonou-se pela primeira vez. Vivia suspirando, sonhando acordada, mas o pai nem podia saber disso. Como era brabo o velho! Por isso a menina sempre comeu, estudou, dormiu e quis alguma coisa.
Continuava meiga, alegre, sorridente e feliz, mas nada de só querer saber e pensar em namorar, casar etc. Tanto que o doutor só examinou a menina muito tarde, já tinha há muito virado mulher num episodio que a menina não se conformava. Não queria virar mulher, ainda tinha muito o que brincar, era o que pensava. Mas quando entendeu...de manhã cedo já estava pintada a espera do sapo encantado.
A menina cresceu, namorou, amou e foi amada. Só amou, só foi amada e quase casada. Dividiu o teto, a escova, as certezas e as mancadas. Fez amigos eternos, fez amigos de fachada. Conheceu o bom, o belo, o contrário de bonito. Caminhou acompanhada e muitas vezes sozinha. Ganhou forças e dividiu fraquezas. Aprendeu e desaprendeu pra continuar caminhando pelo desconhecido. Endureceu, até que a chuva nunca mais chegou no sertão.
É só seca.

sábado, 3 de dezembro de 2011

O pedido a Deus

Eu sempre fui testemunha de vários pedidos a Deus.
Coerentes, absurdos ou louváveis foram igualmente respeitados, afinal, quem na qualidade de cristão ousa atrapalhar uma conversa com Ele? Eu não. Mas confesso que hoje fui interrompida por um depoimento de vida lindo, aquebrantador e que envolve O pedido a Deus. Não se trata de um pedido qualquer.
Quem visita este espaço sabe do quanto caminhei pra chegar até aqui (mesmo não tendo ido tão longe assim) graças a estrutura familiar em que nasci e fui criada. Pra quem não leu ou leu e esqueceu, conto novamente que minha mãe não teve muita oportunidade na vida pra avançar os estudos, e isso lhe rendeu ofícios de dona de casa, ajudante de cozinha, babá etc. Sempre recompensada com um salário minguado e uma mãe que não a ajudou ainda que pudesse. O motivo: ciúmes do meu avô e o fato de não gostar do meu pai.
Pois bem, após anos de labuta e parca remuneração eis que minha avó falece e a pensão que ela recebia passa a ser dividida entre as 3 filhas do meu avô e... graças a Deus, entre elas estava mamãe. Nesse tempo eu e meus 2 irmãos já trabalhávamos e pudemos assim melhorar de vida. Nos despedimos (espero que definitivamente) da situação de pobreza. Ninguém enriqueceu, mas já podemos ter sabonete no banheiro e almoçar muitas coisas além de manga ou 200g de arroz, graças a Deus!
Hoje, acordei com o barulho da mamãe chegando de sua consulta médica e contando que estava feliz porque o médico era bom, atencioso e que havia lhe pedido alguns exames de rotina. A felicidade também representava satisfação em poder ter um plano de saúde pra poder colaborar com seu pedido.

"Sabe, minha filha, eu peço todos os dias pra Deus me dar minha saúde. Porque, poxa, né filha, agora eu posso viver melhor, tenho minha casa direitinha, posso saborear as comidas que eu gosto, tenho minhas netas. Eu queria tanto que Deus me deixasse viver porque custou tanto pra eu ter essas coisas que eu te juro, minha filha, eu só queria poder aproveitar isso."

O pedido de minha mãe foi o mais lindo que já ouvi.
Minha mãe pede pra viver, pra poder vivenciar o que a vida até pouco tempo ainda não lhe tinha ofertado: netas, uma "casa direitinha" e a comida de que gosta.
Então eu reforço:
Papai do Céu, escutai o seu pedido.
Amém.