A menina quando nasceu na seca anunciou que era hora de cessarem as lágrimas. Depois da semente que não havia germinado quis Deus ofertar a oportunidade de uma nova crescer e fulorecê. Como era dengosa a menina que demorou, demorou e demorou a enjoar da boneca quando o amor chegou no coração. Distribuía chamego, amizade, carinho e fidelidade. Era tola, ingênua, "cabôca" e feliz. Fazia tamancos de lata de leite com corda de sisal pra deixar de lado meias compridas e sapatos baixos em seu toc toc quase galopante pelo "xagão" da vó materna. De mentira e de verdade começou a trabalhar cedo: primeiro das plantas, pedras, areia, frutas e árvores de um quintal que nada se parecia com Sertão fazia sua taberna e "vendia" seus produtos ao primo-irmão; depois,a convite, recebeu seu primeiro "salário": R$80,00 divididos semanalmente que a fez deixar de lado o gibão. Apaixonou-se pela primeira vez. Vivia suspirando, sonhando acordada, mas o pai nem podia saber disso. Como era brabo o velho! Por isso a menina sempre comeu, estudou, dormiu e quis alguma coisa.
Continuava meiga, alegre, sorridente e feliz, mas nada de só querer saber e pensar em namorar, casar etc. Tanto que o doutor só examinou a menina muito tarde, já tinha há muito virado mulher num episodio que a menina não se conformava. Não queria virar mulher, ainda tinha muito o que brincar, era o que pensava. Mas quando entendeu...de manhã cedo já estava pintada a espera do sapo encantado.
A menina cresceu, namorou, amou e foi amada. Só amou, só foi amada e quase casada. Dividiu o teto, a escova, as certezas e as mancadas. Fez amigos eternos, fez amigos de fachada. Conheceu o bom, o belo, o contrário de bonito. Caminhou acompanhada e muitas vezes sozinha. Ganhou forças e dividiu fraquezas. Aprendeu e desaprendeu pra continuar caminhando pelo desconhecido. Endureceu, até que a chuva nunca mais chegou no sertão.
É só seca.
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Olha Clau...