sexta-feira, 28 de março de 2014

Quando o sofrimento bate a nossa porta

A verdade mais genuína dos últimos meses é que têm sido tempos difíceis...
No início do ano,  a notícia de que uma grande amiga foi diagnosticada com CA, em seguida, um amigo de escola sofre acidente de carro e fica em coma no Hospital Metropolitano. Dias depois outra amiga liga e diz que a filha de apenas 17 anos tem um cisto de proporções gigantescas está instalado em seu útero e terá que ser retirado junto com o o útero, deixando-a estéreo. Distancia-se um mês dessas notícias e a mãe de outra grande amiga sofre AVC e falece 3 dias depois de dar entrada na UTI.
Eu desabei.
Sentir todas as dores ao mesmo tempo. Sofri. Sofri pelo CA diagnosticado, pelo coma, pela esterectomia, pela morte com umas dor inexplicável. Como se eu tivesse passado pelo sofrimento.
Meu amigo continua em coma, apesar de ter saído da UTI passa por estado vegetativo...mesma idade que eu, futuro e saúde mental incertos.
Mas o que mais doi, o que ainda me tira o chão, o sono e a razão é o mal do século, batizado por pesquisadores de câncer e especificado por mieloma, degenerativo, incurável, inclemente e impiedoso. Esse que, aos poucos e dolorosamente tá arrancando minha amiga tão cheia de vida e caráter de mim.
Não blasfemo, mas questiono: por que, meu Deus?! Sei que ainda sou muito miúda pra entender Teus propósitos, mas sou enorme pra sentir  essa dor que lateja em meu peito; que me faz clamar por Ti, Senhor, e pedir piedade por ela, que chegou na minha vida de maneira sorrateira e se instalou como uma posseira no meu coração; que fez de mim sua amiga, confidente, conselheira, "chefe" (como ela carinhosamente chama). Não tem maldades, Senhor! Ajuda a qualquer filho Teu despretensiosamente. Sorri de verdade, olha nos olhos de verdade e tem sonhos grandes: quer ser Juíza e, cursando o 8º período de Diretito, teve que ter forças pra ir até a faculdade e entre lágrimas trancar sua matrícula, porque sua mente e suas pernas já não respondem às suas vontades.
A quimioterapia tem sido um fardo enorme pro seu corpo magro, enfraquecido. Efeitos colaterais desumanos demais, crueis demais pra uma pessoa que só precisa viver, meu Deus!
Estou em frangalhos. Meu muro desabou e eu já chorei tudo o que podia; demoro a dormir com o pensamento nela: tá sentindo dor? Comeu? Dorme bem? Vai amanhecer...
Quero forças, Pai! Como gostaria que os que amo não sofressem, que tivessem vida, que não faltasse amor, que ficassem bem.
Cuida de mim, meu Deus! Estou fraca, estou triste, não estou em paz.
Te peço.