sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Um mês depois de dezessete anos...


Foi há um mês que ele reapareceu na porta da casa dela e nenhum dos dois sabia exatamente o que podia esperar um do outro. Era necessário re-conhecer para se reconhecer e se reinventar. Os jovens de dezessete anos atrás já não mais existiam. As pedras haviam se encontrado, o mundo havia girado e girado e girado e no final eram outras vidas, outras pessoas e muitas histórias pra contar: filhos, casamentos desfeitos, namoros malfadados, conquistas, outras personalidades. Ele já não ouvia mais Engenheiros do Hawaii, ela já não ia mais atrás do trio. Ele tinha encurtado os  cabelos e ela deixou os seus crescerem. Ele parou de fumar, ela sequer tentou... mas mesmo assim quis o destino que eles se reencontrassem e se revisitassem. Hoje novamente juntos tentam viver uma nova história, longe dos sonhos adolescentes e perto, muito perto do que se pode chamar de maturidade. Dividem a distância mas contam com a tecnologia para os aproximarem. Quando se veem ficam felizes por não mais serem dezessete anos de distância, mas apenas 210 km e... como diria Nando Reis: "estão livres da perfeição que só faz estragos". E vão levando, tentando, ultrapassando e de vez em quando, em segredo, perguntam-se até onde podem ir e como fazem pra ficar.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Mais um ano novo

Mais um ano novo chegou pra mim. Como já falei um dia aqui, o dia 31 de dezembro é só mais uma data no calendário juliano, o meu ano novo eu considero o dia do meu aniversário.
É bom saber-se vivo, no sentido poético da palavra. É bom saber que em meio a milhares de defeitos que tenho aos 34 anos eu estou satisfeita com a pessoa que eu sou e com as escolhas que fiz. A vida é feita delas e as fazemos todos os dias: a roupa, a comida, os amigos, o canal de TV e o destino que juramos ter nas mãos são frutos de nossas escolhas.
Sou feliz pelos erros que cometi, eles sempre me lançam pra frente e eu espero continuar cruzando com meus desencontros e desacertos. Sou grata aos conselhos que recebi mesmo que não tenha seguido, por teimosia, 95% deles. De verdade, eles não devem ser dados, e quando nos pedem querem ouvir o que sua própria voz fala. Não vale a pena. Aos 34 anos gosto de ter essa personalidade forte que sai atropelando tudo o que merece ser underground e que não merece arrependimento, como os nós desfeitos.
E neste último ano foquei nas coisas que me deixam feliz, como as amizades que mantive, as que me desfiz (sim, fiquei feliz por ter feito isso. Foi um alívio!), os primos por parte de pai que reencontrei e me identifiquei e, vejam só, depois de dezessete anos, sem jamais imaginar que aconteceria, eu volto a namorar meu primeiro namorado, como uma história saída dos contos de fadas. Claro, ainda há ajustes a serem feitos, mas vamos ver até onde vai. E por esses e outros motivos algumas coisas ficaram bastante claras na minha cabeça: sim, as pedras se encontram e concordando com Shakespeare, tempo não é algo que não possa voltar para trás. Algumas coisas a gente deve deixar lá, em banho maria, até que atinjam seu ponto de servir.
Quanto a família, sou muito grata a Deus pela que Ele escolheu pra mim, mesmo com pais separados fomos criados em uma época em que valores morais contavam mais que presentes, até porque não tínhamos mesmo como viver de luxo e presente era artigo de luxo.
Quanto ao trabalho, eu gosto muito do que faço e ainda que não seja minha profissão de direito eu faço com satisfação desmedida.
Quanto a fazer aniversário, é um dia de reflexão e há anos menos comemorativo. Este ano passei com o namorado e a meia noite ganhei bolinho da chefe porque ainda estava trabalhando.
Nem tudo foi perfeito no meu ano novo, também estive muito mal por situações que aconteceram em família e que me abalaram profundamente, e me deixaram descrente do ser humano enquanto ser capaz de não fazer mal ao outro. Vi tanta maldade, tanta falsidade que fiquei excessivamente incomodada e me opus violentamente a isso.
34 anos...
Agora eu também resolvi que não quero e nem pretendo ter muito dinheiro, apenas o suficiente pra não faltar comida na mesa e sorriso no rosto da mãe.
E também já consigo, sem me adolescentizar, saber quem é meu amigo de verdade e quem não deve mais fazer parte do meu show.
E vou continuar fazendo sexo pra, quem sabe, amar.
E vou continuar errando pra quem sabe acertar.

sábado, 3 de novembro de 2012

E a gente sente saudade, sente vontade, entende que é algo que dá e passa e por isso resolve não ligar.
E não ligando fica sem saber.
E não sabendo se dispõe a esquecer.
E esquecendo deixa de viver.
E não vivendo perde a oportunidade de reconhecer que a paixão é capaz de te deixar idiota e feliz, sonhador, um quase perfeito e imbecil.
Então amarga aquele nó na garganta que não te deixa ir em busca por medo de incomodar, por medo do outro não sentir o mesmo ou algo parecido e você acabar constrangida pela falta de sentimentos que você escolheu pra que o outro sentisse por você.
E você começa a se esconder atrás de muros, a ouvir atrás da porta, a aparecer sem querer nos lugares onde outro possa estar. Começa a arrumar pretextos descabidos pra falar com as pessoas próximas a ele só pra saber o que ele tem feito.
Você não vive s história mas vive as dúvidas, os porquês.
E enquanto não passa tenta ser forte uma vez mais, porque sabe que o sentir não acaba, ele apenas se esconde e um dia é novamente derramado em um outro alguém...ou não