Mais um ano novo chegou pra mim. Como já falei um dia aqui, o dia 31 de dezembro é só mais uma data no calendário juliano, o meu ano novo eu considero o dia do meu aniversário.
É bom saber-se vivo, no sentido poético da palavra. É bom saber que em meio a milhares de defeitos que tenho aos 34 anos eu estou satisfeita com a pessoa que eu sou e com as escolhas que fiz. A vida é feita delas e as fazemos todos os dias: a roupa, a comida, os amigos, o canal de TV e o destino que juramos ter nas mãos são frutos de nossas escolhas.
Sou feliz pelos erros que cometi, eles sempre me lançam pra frente e eu espero continuar cruzando com meus desencontros e desacertos. Sou grata aos conselhos que recebi mesmo que não tenha seguido, por teimosia, 95% deles. De verdade, eles não devem ser dados, e quando nos pedem querem ouvir o que sua própria voz fala. Não vale a pena. Aos 34 anos gosto de ter essa personalidade forte que sai atropelando tudo o que merece ser underground e que não merece arrependimento, como os nós desfeitos.
E neste último ano foquei nas coisas que me deixam feliz, como as amizades que mantive, as que me desfiz (sim, fiquei feliz por ter feito isso. Foi um alívio!), os primos por parte de pai que reencontrei e me identifiquei e, vejam só, depois de dezessete anos, sem jamais imaginar que aconteceria, eu volto a namorar meu primeiro namorado, como uma história saída dos contos de fadas. Claro, ainda há ajustes a serem feitos, mas vamos ver até onde vai. E por esses e outros motivos algumas coisas ficaram bastante claras na minha cabeça: sim, as pedras se encontram e concordando com Shakespeare, tempo não é algo que não possa voltar para trás. Algumas coisas a gente deve deixar lá, em banho maria, até que atinjam seu ponto de servir.
Quanto a família, sou muito grata a Deus pela que Ele escolheu pra mim, mesmo com pais separados fomos criados em uma época em que valores morais contavam mais que presentes, até porque não tínhamos mesmo como viver de luxo e presente era artigo de luxo.
Quanto ao trabalho, eu gosto muito do que faço e ainda que não seja minha profissão de direito eu faço com satisfação desmedida.
Quanto a fazer aniversário, é um dia de reflexão e há anos menos comemorativo. Este ano passei com o namorado e a meia noite ganhei bolinho da chefe porque ainda estava trabalhando.
Nem tudo foi perfeito no meu ano novo, também estive muito mal por situações que aconteceram em família e que me abalaram profundamente, e me deixaram descrente do ser humano enquanto ser capaz de não fazer mal ao outro. Vi tanta maldade, tanta falsidade que fiquei excessivamente incomodada e me opus violentamente a isso.
34 anos...
Agora eu também resolvi que não quero e nem pretendo ter muito dinheiro, apenas o suficiente pra não faltar comida na mesa e sorriso no rosto da mãe.
E também já consigo, sem me adolescentizar, saber quem é meu amigo de verdade e quem não deve mais fazer parte do meu show.
E vou continuar fazendo sexo pra, quem sabe, amar.
E vou continuar errando pra quem sabe acertar.
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Olha Clau...