quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Saudade, parte 5.239

Hoje eu lembrei dos teus olhinhos miúdos e teu sorriso metalizado.
Deu saudade, como de vez em quando dá. E como já disse uma vez é sempre bom sentir. Não me faz mal.
Não me cabe a pretensão de tê-lo de volta. Entendo o limite das coisas e o encerramento dos cilcos.
Acho que o bom da saudade reside na consciência de saber que mesmo que a gente não possa mais vivenciar algo a gente também não lamenta.
Eu não lamento. Foi lindo. Foi vivificante.
Fizeste parte do meu mundo no momento certo, e neste momento eu pude ser muito feliz.
É isso, tu me trouxeste a felicidade dos poetas que em pouco tempo foi infinita.
Seja feliz, meu amor. Eu sou.
Por tê-lo em minha vida e por poder sentir tua falta.

Clau

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

São Jorge - O santo guerreiro (dia 23/04)

História
Em torno do século III D.C., quando Diocleciano era imperador de Roma, havia nos domínios do seu vasto Império um jovem soldado chamado Jorge. Filho de pais cristãos, Jorge aprendeu desde a sua infância a temer a Deus e a crer em Jesus como seu salvador pessoal.

Nascido na antiga Capadócia, região que atualmente pertence à Turquia, Jorge mudou-se para a Palestina com sua mãe após a morte de seu pai. Lá foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade - qualidades que levaram o imperador a lhe conferir o título de conde. Com a idade de 23 anos passou a residir na corte imperial em Roma, exercendo altas funções.

Por essa época, o imperador Diocleciano tinha planos de matar todos os cristãos. No dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os os ídolos adorados nos templos pagãos eram falsos deuses.

Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo como Senhor e salvador dos homens. Indagado por um cônsul sobre a origem desta ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da VERDADE. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O QUE É A VERDADE ?". Jorge respondeu: "A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e nele confiado me pus no meio de vós para dar testemunho da verdade."

Como São Jorge mantinha-se fiel a Jesus, o Imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Jorge sempre respondia: "Não, imperador ! Eu sou servo de um Deus vivo ! Somente a Ele eu temerei e adorarei". E Deus, verdadeiramente, honrou a fé de seu servo Jorge, de modo que muitas pessoas passaram a crer e confiar em Jesus por intermédio da pregação daquele jovem soldado romano. Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito em seu plano macabro, mandou degolar o jovem e fiel servo de Jesus no dia 23 de abril de 303. Sua sepultura está na Lídia, Cidade de São Jorge, perto de Jerusalém, na Palestina.

A devoção a São Jorge rapidamente tornou-se popular. Seu culto se espalhou pelo Oriente e, por ocasião das Cruzadas, teve grande penetração no Ocidente.

Verdadeiro guerreiro da fé, São Jorge venceu contra Satanás terríveis batalhas, por isso sua imagem mais conhecida é dele montado num cavalo branco, vencendo um grande dragão. Com seu testemunho, este grande santo nos convida a seguirmos Jesus sem renunciar o bom combate.

Lendas: um horrível dragão saía de vez em quando das profundezas de um lago e se atirava contra os muros da cidade trazendo-lhe a morte com seu mortífero hálito. Para ter afastado tamanho flagelo, as populações do lugar lhe ofereciam jovens vítimas, pegas por sorteio. um dia coube a filha do Rei ser oferecida em comida ao monstro. O Monarca, que nada pôde fazer para evitar esse horrível destino da tenra filhinha, acompanhou-a com lágrimas até às margens do lago. A princesa parecia irremediavelmente destinada a um fim atroz, quando de repente apareceu um corajoso cavaleiro vindo da Capadócia. Era São Jorge.

O valente Guerreiro desembainhou a espada e, em pouco tempo reduziu o terrível dragão num manso cordeirinho, que a jovem levou preso numa corrente, até dentro dos muros da cidade, entre a admiração de todos os habitantes que se fechavam em casa, cheios de pavor. O misterioso cavaleiro lhes assegurou, gritando-lhes que tinha vindo, em nome de Cristo, para vencer o dragão. Eles deviam converter-se e ser batizados.


Datas Marcantes No século XII, a arte, literatura e religiosa popular representam São Jorge, como soldado das cruzadas com manto e armadura com cruz vermelha, nobre um cavalo branco, com lança em punho, vencendo um dragão. São Jorge é o cavaleiro da cruz que derrota o dragão do mal, da dominação e exclusão.

Desde o século VI, havia peregrinações ao túmulo de São Jorge em Lídia. Esse santuário foi destruído e reconstruído várias vezes durante a história.

Santo Estevão, rei da Hungria, reconstruiu esse santuário no século XI. Foram dedicadas numerosas igrejas a São Jorge na Grécia e na Síria.

A devoção a São Jorge chegou à Sicília na Itália no século VI. No séc. VII o siciliano Papa Leão II construiu em Roma uma igreja para S. Sebastião e S. Jorge. No séc. VIII, o Papa Zacarias transferiu para essa igreja de Roma a cabeça de S. Jorge.

A devoção a São Jorge chegou a Inglaterra no século VIII. No ano de 1101, o exército inglês acampou na Lídia antes de atacar Jerusalém. A Inglaterra tornou-se o país que mais se distinguiu no culto ao mártir São Jorge...

Em 1340, o rei inglês Eduardo III instituiu a Ordem dos cavaleiros de São Jorge.

Foi o Papa Bento XIV (1740-1758) que fez São Jorge, padroeiro da Inglaterra até hoje.

Em 1420, o rei húngaro, Frederico III (1534) evoca-o para lutar contra os turcos.

As Cruzadas Medievais tornaram popular no ocidente a devoção a São Jorge, como guerreiro, padroeiro dos cavaleiros da cruz e das ordens de cavalaria, para libertar todo país dominado e para converter o povo no cristianismo.

Seu dia foi colocado no Calendário particular da Igreja, isto é, celebrados nos lugares de sua devoção.

O Sr. Cardeal D. Eugenio Sales, assim se pronunciou: "A devoção de São Jorge nos deve levar a Jesus Cristo". Pela palavra do Cardeal Sales sentimos a autenticidade do Culto a São Jorge.


A quem ajuda: é a força de Deus na luta dos excluídos e marginalizados da sociedade.
Oração a São Jorge


Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.

Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.

Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.

Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.

São Jorge Rogai por Nós.
Oração a São Jorge II


São Jorge,cavaleiro corajoso, intrépido e vencedor; abre os meus caminhos, ajuda-me a conseguir um bom emprego; faze com que eu seja bem quisto por todos superiores, colegas, e subordinados; que a paz, o amor e a harmonia estejam sempre presentes no meu coração, no meu lar e no meu serviço; meus inimigos terão os olhos e não me verão, terão boca e não me falarão, terão pés e não me alcançarão, terão mãos e não e não me ofenderão.

São Jorge vela por mim e pelos meus, protegendo-me com suas armas.

O meu corpo não será preso nem ferido, nem meu sangue derramado; andarei tão livre como andou Jesus Cristo nove meses no ventre da Virgem Maria.

Amém.

Oração a São Jorge III


Ó Deus onipotente,
Que nos protegeis
Pelos méritos e as bênçãos
De São Jorge.
Fazei que este grande mártir,
Com sua couraça,
Sua espada,
E seu escudo,
Que representam a fé,
A esperança,
E a inteligência,
Ilumine os nossos caminhos...
Fortaleça o nosso ânimo...
Nas lutas da vida.
Dê firmeza
À nossa vontade,
Contra as tramas do maligno,
Para que,
Vencendo na terra,
Como São Jorge venceu,
Possamos triunfar no céu
Convosco,
E participar
Das eternas alegrias.
Amém!


Medalha de São Jorge

Moacyr Luz e Aldir Blanc

Fica ao meu lado, São Jorge Guerreiro Com tuas armas, teu perfil obstinado
Me guarda em ti, meu Santo Padroeiro
Me leva ao céu em tua montaria
Numa visita a lua cheia
Que é a medalha da Virgem Maria
Do outro lado, São Jorge Guerreiro
Põe tuas armas na medalha enluarada
Te guardo em mim, meu Santo Padroeiro
A quem recorro em horas de agonia
Tenho a medalha da lua cheia
Você casado com a Virgem Maria
O mar e a noite lembram a Bahia
Orgulho e força, marcas do meu guia
Conto contigo contra os perigos
Contra o quebrando de uma paixão
Deus me perdoe essa intimidade:
Jorge me guarde no coração
Que a malvadeza desse mundo é grande em extensão
E muita vez tem ar de anjo
E garras de dragão

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Para o rapaz das mãos frias...quem eu sou:

Sou aquela a quem viste dançar, rir, gargalhar de saia estampada em épocas de folguedo, de ensaios onde minha mão encontrava a tua e dizias: "nossa! Como é quente!"
Mas sou mais, muito mais do que seus olhos podem ver e suas mãos podem sentir.
Sou um bicho, graças a Deus, esquisito, arredio, objetivo, pragmático, escorpião. Que pondera e age duas vezes antes de pensar e, sempre fala o que a cabeça pensar.
Que lê poesias mas é apaixonada por crônica. Que ama as letras e odeia as contas, principalmente as que chegam envelopadas em final de mês.
Que detesta hipocrisia (se é que tem alguém que goste?), café sem leite, gente mesquinha, mentiras e minha memória fraca.
Que não aprendeu a perdoar, mas se esforça, porque muitas veze é necessário voltar atrás, mas não consigo!
Sou alegre, divertida, pessoa de dentro pra fora, mas que não funciona perto de gente que não tolera.
Detesto meias verdades, metades. Não consigo ser meia irmã, meia amiga, quase amor. Sou intensa.
Ignoro a inveja, amo boas companhias pra um chop de fim de tarde assistindo ao sol se por, ou pra um dedo de prosa e troca de experiências.
Ouço música incansávelmente, na mesma proporção em que leio e escrevo.
Tenho preguiça, um monte, principalmente as segundas-feiras e vésperas de feriado. Torço pra que a sexta chegue e junto com ela o telefone tocando sem parar.
Amo minha liberdade, minha paz, pela qual pago qualquer preço!
Quando canso do meu mundo fujo pro meu segundo lar: Icoaraci, pra casa de minha irmãzoca Gigi di Poli que amo infinitamente.
Sou ranzinza, deixo que amigos entrem na minha vida e com as mesma velocidade não me importo que saiam. Sempre me sobram os melhores e, se não entrar mais ninguém, os que aqui estão são mais que suficientes, mais que especiais.
Sou Cristã, católica, protegida por Nossa Senhora de Nazaré e pela Maria de Nazaré, minha mãe.
Rezo. Creio. Tenho fé.
Sou quase completa, porque me falta sempre muito pouco: as vezes basta um sorvete de castanha, uma música de Chico, que tudo fica perfeito.
Mas pra você, meu caro rapaz, sou o avesso de tudo o que leste, de tudo o que viste, de tudo o que sentes.
Eu sou o lado oposto. A parte que renunciaste.
Sou tudo o que te é proibido, o que não pode te pertencer.
Posso te deixar entrar, mas não se peca no meu infinito particular.

Clau

Closer

Quando o pragmatismo incomoda

Não dá, pra certas coisas não dá.
Mas pense bem e mesmo me desejando me veja e não apenas me olhe!
Observe-me... eu tenho manhas e manias; fogo e poesia.
Diga-me que aprecia os dias de sol com tardes de chuva e noite estrelada.
Diga-me mentiras em tons de verdade.
Quando me desejar, deseje sem pressa, sem urgência, com vagar...
Sorva-me.
Existe muito mais por trás desse pragmatismo, 
desse dedo a apontar caras e tocar bocas, 
dessa mão que insistentemente gesticula, fala, agride, recua.
E se eu te desejar não significa necessariamente te ter, possuir, proceder.
Posso me alimentar das cinzas que o fogo deixa ficar.
Do desejo que vai ficando e perfumando o ar.
Não tente me agredir com suas ofensas, meu desejo vai além da tua ira, das tuas mentiras.
Posso ficar ou simplesmente partir de um lugar em que nunca estive.
Posso ser cruel, infiel, descrente, lasciva, tosca, imprudente.
Mas não posso me enganar, torcer pra que me invadas sem brios, 
provocando arrepios e depois se vá.
Quero bem mais que beijos ardentes, abraços mais quentes, pernas pro ar.
Quero um riso medonho, olhinhos tristonhos da saudade que dá.
Quero justamente o não saber,
o não crescer pra perceber que a hora tarda 
e a noite infinda mostra um amanhecer cansado, suado, de olhos trocados quase fechados, 
quase fadados a nunca mais se olhar...

(Clau Soares )

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Com licença poética.

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que trocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfugios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e,
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

(Adélia Prado)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Carinhos trocados

Não consigo descrever a beleza residente no carinho, esta manifestação de afeto que te deixa as vezes sem jeito, as vezes divino, as vezes humano, outras soberbo. Sim, porque dá-lo é divino e recebê-lo é de sensação singular. Eu sempre forneço, eu sempre recebo. Talvez aí resida muito da minha felicidade, demonstrada em vários momentos da minha vida.
Há poucos dias recebi uma visita ilustre, dessas que um dia deram ibope ao Faustão. A figura que sempre visita meu local de trabalho adentrou minha sala em seus passos lentos, cansados e, seu semblante sempre sorridente desta vez mostrava-se cansado. Disse:
- Doutora (imagine, eu, doutora?), queria lhe pedir um favor.
- Peça
- É que caiu um tijolo no meu pé e eu tô precisando comprar um remédio, a senhora pode me ajudar?
- Claro, mestre!
E assim o fiz. Saiu de lá agradecendo e prometendo voltar para devolver o empréstimo.

Anteontem ele voltou com um pequeno embrulho de presente nas mãos.
- Doutora, trouxe um presentinho pra senhora.
Os olhos encheram de lágrimas...
Dentro do saquinho 2 anéis e um colar de miçangas rosas que acabou virando pulseira. Objetos usados que foram cuidadosa e carinhosamente escolhidos (tenho eu certeza disso!) para, em forma de retribuição, presentear alguém que o ajudou a sarar suas feridas. Esse acontecimento me fez pensar em poesia e na importância do carinho. Mal sabe o mestre que contribuiu pra sarar as minhas feridas de alma. Eu que por vezes são tão dura e descrente da bondade dos seres humanos, eu que muitas vezes tenho dificuldade de ser mais flexivel aprendi mais uma vez o valor dos pequenos gestos, o valor de uma atitude que pra você parece pequena mas que pro outro faz uma enorme diferença.
Quantas e quantas vezes, graças a Deus, pude presenciar a manifestação de um carinho. Nossa, como nos faz bem. Recordo agora da minha pequena vidinha, Stefany, que no alto de seus 3 anos de idade por vezes me deixa sem jeito, mas ao mesmo tempo me ilumina quando me olha nos olhos e diz: "Didinha eu te amo muito" ou "Didinha, tu tá cansada? Vai muçá!". Carinho que só Deus pode explicar.
Tem minha amiga Betinha que me chama de neném. Tem meu anjo Mauro que me chama de pateta e diz que eu posso contar com ee sempre que precisar. Tem a Paulinha que com todo o seu picolézinho de chuchu me resrva um cantinho acolhedor em um dos lugares que mais amo na vida. tem a Aladir que me convidou pra ser sua dindinha de casamento. Tem a Edna, minha afilhada que quer dobrar seu apadrinhaento me convidando pra ser sua madrinha de crisma...
Mas ontem foi a minha vez. Mamãe queria porque queria tomar um caldo e quase às nove da noite eu fui pro fogão com o maior amor do mundo e fiz o que ela desejava. Acho que foi a melhor comidinha que já preparei na vida. Nada perto de todo o amor que ela me dispensa há quase 32 anos. Nada perto de tantas e tantas vezes em que foi pro fogão esquentar ou fazer algo pra mim e meus irmãos. Mas foi um dos carinhos trocados que mais me tocou. A inversão de papeis entre criatura e criador, cuidando de quem lhe cuidou. Fato que também me fez lembrar uma pregação do Pe. Fábio exatamente sobre essa troca, essa inversão. Diz o sacerdote que a beleza reside exatamente aí, quando você pode retribuir um carinho recebido, um cuidado, uma afago, um sentimento bom.
Mamãe adorou seu caldinho e eu, feliz da vida, apreciava o seu tomar.

sábado, 9 de outubro de 2010

Círio outra vez - Pe. Fábio de Melo

Quando a vida faz nascer o mês de outubro
Eu descubro uma graça bem maior
Que me faz voltar no tempo e ser menino
E ao som do sino ver a vida amanhecer

Ver o povo em procissão tomando as ruas
Anunciando que é Círio outra vez
Que a Rainha da Amazônia vem chegando
Vem navegando pelas ruas de Bélem

Corda que avança o corpo cansa
Só pra alma descansar
É o meu olhar chorando ao ver o teu olhar em mim
Tão pequenina na Berlinda segues a recolher
Flores e amores que o teu povo quer te dar

Ó Virgem Santa, teu povo canta
Senhora de Nazaré!
Tu és Rainha e tens no manto as cores do açaí

Soberana e tão humana tão mulher
Tão mãe de Deus
Nossa raça, nosso sangue
Descendência que acolheu
O mistério encarnado continuas revelando
E por isso hoje é Círio outra vez.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Carta Testemunho/Agradecimento

"...Amigo de tantos caminhos de tantas jornadas...me lembro de todas as lutas, meu bom companheiro. Você muitas vezes provou que é um grande guerreiro..."

Há onze anos e alguns meses, aparecia naquele pequeno gabinete uma "cabôca" assustada, inexperiente e mentirosa. Entrevistada, floriu-se de qualidades que não possuía. O curso de letras ainda distante já lhe dava sinais da escolha. O poder da palavra lhe garantiu a vaga.
- Comece amanhã.
Desde então, seguiu-se um processo de aprendizado. Armário abaixo!
Sentada ao chão, ela lia e relia processos, livros, estatutos, ofícios, memorandos. Era um mundo de coisas novas pra quem estava acostumada a ensacar pães, rechear pizzas, atender em um balcão, passar troco etc.
O computador era um bicho de tantas cabeças que não ousava crer que um dia teria controle sobre ele. Mas insistiu por muito tempo até que conseguiu segurar na mão da máquina e tornar-se amiga daquela novidade. A leitura ajudou muito, mas mais que a leitura a vivência diária com alguém que sabe como ninguém lhe entregar a vara de pesca, nunca o peixe. 
- Pesque você! Vire-se! Eu quero soluções e não problemas.
- Sim, senhor.
Aprenderam juntos a trocar valores como respeito e confiança. A adolescente era sedenta por conhecimento ainda que acabrunhada, receosa, mas livre de milindres. Sempre disponível, não havia trabalho que tivesse como resposta o "não".
Enquanto isso, com bastante vagar, o tempo foi passando e com ele a experência aos poucos se mostrando, junto com uma admiração muito forte, junto com um carinho parental.
O trabalho que desenvolveu meu amigo durante 22 anos foi alvo de admiração e motivo de espelho para outros que seguiram a mesma carreira que ele. Graças a Deus ela pôde acompanhar isso tudo de perto.
Em 22 anos foram muitas ações que modificaram a vida de muita gente, assim como na metade deste tempo também modificou a minha.
Eu era uma menina, uma cabôca que se transformou em uma profissional. Pois com essa oportunidade de trabalho pude estudar e construir um edifício sólido de conhecimento que ninguém vai tirar de mim. Ele me pertence graças a oportunidade que um dia me foi dada. Graças a esse ser humano que confiou e acreditou que nesta cabôca havia algum potencial.
E digo de todo o meu coração que foi uma honra ter crescido segurada pelas suas mãos de Joaquim Passarinho. E essa honra me deixa na obrigação de agradecer, do fundo do meu coração, por ter colocado tijolo nessa construção que formou um desenho lógico.
Este ano, ainda que com a confiança de 30.195 pessoas meu amigo não pôde manter sua vaga no poder legislativo. Uma pena! 2.000 pessoas, sabe-se lá por qual motivo, decidou que o ele não deveria continuar um trabalho bonito e sólido, que em 22 anos contribuiu para melhorar a vida de muitos cidadãos paraenses.
Eles perderam, não o senhor. O Senhor é um vitorioso de fé inabalável.
Lamentavelmente, temos o desprazer de presenciarmos neste país mesquinho palhaços assumindo cargos públicos (sem contar os que já existem). Heróis de uma gente sem educação, sustentada por bolsas-miséria, que se acomodam e não têm força de vontade pra dar um passo adiante. O que me leva a descrer definitivamente na ascenção desse país cheio de gente que se vende, que se troca, que não age de outra forma.
É necessário entender que os maus só governam o país porque permitimos ou nos omitimos. Mas essa é uma discussão infelizmente longa e desgastada, que não ressoa em quem deve, que não chega aos ouvidos e coração daqueles que deveriam e mereciam entender. E também não era a intenção deste texto.
A intenção, como o título descreveu é dar testemunho de alguém que cresceu e aparceu e hoje agradece a quem muito lhe ajudou.
JOAQUIM, MUITO OBRIGADA, MEU AMIGO!!!!!!