terça-feira, 19 de outubro de 2010

Quando o pragmatismo incomoda

Não dá, pra certas coisas não dá.
Mas pense bem e mesmo me desejando me veja e não apenas me olhe!
Observe-me... eu tenho manhas e manias; fogo e poesia.
Diga-me que aprecia os dias de sol com tardes de chuva e noite estrelada.
Diga-me mentiras em tons de verdade.
Quando me desejar, deseje sem pressa, sem urgência, com vagar...
Sorva-me.
Existe muito mais por trás desse pragmatismo, 
desse dedo a apontar caras e tocar bocas, 
dessa mão que insistentemente gesticula, fala, agride, recua.
E se eu te desejar não significa necessariamente te ter, possuir, proceder.
Posso me alimentar das cinzas que o fogo deixa ficar.
Do desejo que vai ficando e perfumando o ar.
Não tente me agredir com suas ofensas, meu desejo vai além da tua ira, das tuas mentiras.
Posso ficar ou simplesmente partir de um lugar em que nunca estive.
Posso ser cruel, infiel, descrente, lasciva, tosca, imprudente.
Mas não posso me enganar, torcer pra que me invadas sem brios, 
provocando arrepios e depois se vá.
Quero bem mais que beijos ardentes, abraços mais quentes, pernas pro ar.
Quero um riso medonho, olhinhos tristonhos da saudade que dá.
Quero justamente o não saber,
o não crescer pra perceber que a hora tarda 
e a noite infinda mostra um amanhecer cansado, suado, de olhos trocados quase fechados, 
quase fadados a nunca mais se olhar...

(Clau Soares )

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olha Clau...