quarta-feira, 20 de junho de 2012
Ó Pátria Amada o que andas fazendo com teus filhos?!
Hoje, ao chegar em casa, vi uma garotinha "diferente" na casa do meu irmão. Normalmente encontro por lá minha sapeca Stefany, como não era perguntei ao mano de quem se tratava. Pra minha surpresa ele responde: - É minha aluna, a mãe esqueceu de ir buscá-la na escola até agora. (passava das 19h e a menina é aluna da manhã).
Meu Deus! Exclamei. O espanto era inevitável. Ao mesmo tempo em que fiquei surpresa e indignada, achei a atitude do meu irmão louvável. Ele continuou.
- Lá é muito perigoso e não tinha mais ninguém na escola, eu não ia deixá-la lá e não sabia onde ela morava.
Meu irmão e minha cunhada são pedagogos e trabalham em escola pública. Vez em quando ouço seus relatos escolares e profissionais e me vem um sentimento de indignação.
Muito se fala por aí e sabemos que é verdade, que professor é mal remunerado, que trabalha em condições precárias, que há escolas sucateadas etc, etc, etc...Isso em parte é verdade, afinal, vivemos nessa pátria amada cheia de corrupção e desigualdades sociais. Mas também ouço meus irmão e cunhada contarem que tem professor, como um aí da escola deles, que ganha uma média de três a quatro mil reais por mês e há quase dois não aparece na escola pra dar aula, acobertado por uma diretora conivente que com ele divide seus erários e não encaminha para a Secretaria de Educação as suas faltas. Segue-se a lei do clientelismo que muitos pensam existir apenas na disciplina História do Brasil, quando na verdade ocorre ainda por esses tempos. Lamentável.
Esses professores são os mesmos que levantam a bandeira sobre seus salários, que enchem as redes sociais de mensagens sobre educação assinada por Paulo Freire mas que estão nem aí pra o que se tem como educação. São os mesmos que falam mal da corrupção que assola o país, mas que são igualmente corruptos em seus atos. Que dizem amar a educação mas não veem a hora de sair da sala de aula e ir trabalhar na área técnica. Que se enchem de títulos com a única intensão de aumentar seus salários.
E os filhos da Pátria Amada que se danem! Que sejam marginais! Que não saibam votar! Que não gostem de estudar! Que abortem seus filhos ou que tenham milhares sem planejamento e jamais terminem o ciclo vicioso (e vantajoso) da pobreza. Que esqueçam seus filhos na escola...onde é que deixei minha filha mesmo? Não lembro. Educação não é meu referencial e nem minha prioridade na criação dos meus filhos. Basta uma caixa de Chicletes no sinal e tudo se resolve. Enquanto isso deixa ele ir pra escola que lá tem merenda, é menos uma boca pra alimentar...
São tantas histórias que conheço sobre o outro lado da moeda que chego a pensar que este país está cada vez mais afundado na lama.
Um país que não prioriza a educação, não tem respeito por sua gente e nem amor a seus filhos.
Acorda Brasil!!!!!!!!!
Pois se até as "mentes pensantes" agem dessa forma, o que esperar do seu futuro?
Amanhã, uma filha será devolvida e eu ficarei cá com minhas dúvidas se ela fez falta.
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Apesar de não estar mais atuando em escolas, sei bem como é essa realidade apontada acima. Fico enojada com pessoas que levantam a bandeira, dizendo estar preocupadas com a educação e não fazem nada de diferente, de pessoas que enchem seus perfis de facebook e orkut, dizendo que amam o que fazem, lecionar. Quando o que menos fazem é aparecer na escola (queria ver se fosse o professor dos filhos deles. Iam se encher de razão pra reclamar). De pessoas descompromissadas que se dizem cheias de conhecimento, mas não colocam em prática nada do que foi estudado. Fico indignada com esse tipinho de professor que só se preocupa com o seu salário no fim do mês, e não sente nem um pingo de peso na consciência, mesmo sabendo que seu trabalho foi feito, muito mal e parcamente (eles nunca conseguem fazer um feedback do seu trabalho. São egocêntricos demais pra isso. Isso porque ele ESTAR MESTRE) e que ainda tem a coragem de dizer "SOU" mestre, quando na verdade ele "ESTAR" mestre, é isso mesmo, "ESTAR". Porque "SER" mestre é preocupar-se, é ser compromissado com o que faz, é compartilhar informação, é aprender, é doar-se. Agora "ESTAR" mestre é trabalhar por obrigação, é viver descontente, reclamando que a escola é precária. Enquanto este tipo de professor, ou melhor, ervas ruins não forem extirpadas do quadro educacional, ainda escutaremos por muito tempo relatos como dos teus irmãos e cunhada, que, diga-se de passagem, não perderam a esperança e continuam plantando esta sementinha no coraçãozinho de seus pequeninos alunos.
ResponderExcluirÉ por aí mesmo Gigi, assino embaixo, pois sei o quanto tiravas do teu bolso pra dar uma gota de dignidade a esses pequenos. Beijos!
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