domingo, 23 de setembro de 2012

Oscilações

Num dia tudo errado.
No outro tudo certo.
Tem dias que metade tá bom e fica ruim ao anoitecer.
Desisto da brincadeira.
Cansei do não direito ao choro.
Cansei de segurá-lo até cair mortificada no sono.
PARE, POR FAVOR!
Sou forte, sabemos. Mas não de aço.
Necessito colo de quem REALMENTE se importe e não apenas se autopromova. E depois repita: 
"eu bem que te ajudei"; 
"eu bem que te falei"; 
"eu nunca te abandonei"
Não tá tudo bem.
E nem sei se vai ficar um dia.
Ou só por umas horas.
Ou só por um sonho.
PARE, POR FAVOR!
Brincadeira sem graça essa.
Não jogo cartas.
Gosto de dominó porque se encaixa.
Tragam minha vida de volta.
Tragam minha paz de volta.
O que tá aqui não me pertence.
Tenho certeza.
Deve ter sido a greve nos Correios.
Entregaram dor à pessoa errada.
E já que não tenho o direito de rir.
Que me façam, pelo menos, chorar.
E fim...

"Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. É permitir que voe sem que nos leve junto. É aceitar que a esperança há muito se desprendeu do sonho. É aceitar doer inteiro até florir de novo. É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais." Ana Jácomo

sábado, 8 de setembro de 2012

O fio da meada

Pois é...com o tempo a gente perde o fio da meada, o controle, as horas, os dias, o tempo que passa e há quanto ele passa, e o quanto ainda resta. Você percebe que tem um monte de coisa guardada no armário que nunca mais vai usar, mas ainda assim guarda. Não se desprende do que não lhe serve mais.
Com o tempo a gente perde a ponta do fio que nos ata a velhos e bons amigos, com quem partilhamos momentos únicos, e você não percebe em que momento a ponta se perdeu no novelo e você desatou sua vida da dele. Vocês sequer divergiram em opiniões e não se veem mais porque cada um seguiu sua vida. Enquanto isso, ao mesmo tempo você acha uma ponta que une você a outras tantas pessoas que com o (con)viver vai percebendo que não são exatamente o que você imaginou ou o que apresentou a você. E você tenta lembrar há quanto tempo você não percebe que este novelo é composto pela mesma linha que tece a teia de uma aranha, que ao primeiro toque se desfaz. Frágil, ainda bem, mas decepcionante também.
Com o tempo você olha no espelho e percebe umas linhas que antes não tinha, um volume a mais que antes não existia, um olhar que não costumava ofertar, um sorriso lançado para agradar ou mesmo não contrariar. E se questiona quanto tempo passou sem que você tivesse começado a perceber as mudanças, as andanças, as (des)esperanças, o quanto lhe resta.
Você se dá conta das coisas que deixa de olhar por conta da pressa, do frenesi que é estar nesse mundo e ir atropelando as coisas, os sentimentos, as horas e as vezes até as pessoas: "Desculpa, não percebi que você tava aí, tava tão distraída. Você é o irmão da Alice, não é? - Não"... E aí você se dá conta de que só se pode reconhecer o que se conhece. Mas nem mesmo você se reconhece fora do seu alter ego. E o novelo ganha volume... E a ponta....(???)
E tudo lhe tira a saúde: a pressa, as ocupações, as desilusões, as decepções, as preocupações, a falta de exercício, de tempo, a má alimentação, a falta de leitura e até nos cabelos a pintura. E se questiona em que momento você perdeu o controle e deu início ao fim. E começou a pecar, a não se importar, a trançar ainda mais os fios.
Na verdade o tempo não basta para as coisas que são muitas. E enquanto o trem da vida passa você agarra e mantém o que pode, outras coisas você simplesmente deixa partir.