quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O Canário e o Passarinho

Foi notícia do Jornal Hoje neste dia:
Um passarinho ficou preso no alto de um poste por linhas de pipas por três dias. Populares chamaram os bombeiros e a central de energia da cidade (que agora não lembro qual).
O passarinho sobreviveu porque um canarinho levava comida no bico diariamente ao passarinho. Tão logo foi resgatado um dos moradores, com todo o cuidado, tratou de retirar a linha enrolada nas patinhas do passarinho. Outro levou o bichinho a um veterinário onde, provavelmente, recebeu os devidos cuidados, pois a matéria foi até aí. A matéria, não eu.
Este caso seria tema para, pelo menos, uns três contos: sobre amizade, sobre solidariedade, sobre amor ao próximo...
Há dias minha amiga me pedia um texto para o Face, pois ainda não havia conseguido cestas básicas suficientes para serem doadas no natal. Coisa que fazemos há cinco anos a crianças que são assistidas pela Pastoral da Criança da localidade de Outeiro, local bastante carente de nossa cidade. Mas nada de vir a inspiração que, depois do jornal, agradeci ao canarinho.
Fiquei tão emocionada com o gesto do bichinho, aliás, com todos eles: com a lição de resiliência do passarinho que tranquilo esperava pela comida que lhe era oferecida na boca, enfrentando, sol e chuva por três dias; com a lição de amizade do canarinho (pra mim, personagem principal da história) que diariamente dividia com o próximo o seu pedaço de pão; com a demonstração de cuidado do morador que, cuidadosamente, cortou e desenrolou o fio das patinhas; com o zelo do agente de energia que "perdeu seu tempo" colocando uma escada e indo até o alto do poste resgatar o bichinho e com aquele que também doou seu tempo para ir atrás de um veterinário para cuidar da ave.
As pessoas deviam se inspirar nesses personagens da vida real já que o mundo anda tão do avesso e tão avesso. Mas não vou dissertar sobre isso, quem tem consciência e pingo de noção sabe muito bem o que é viver neste mundo, neste país egoísta.
Eu desejo ser canarinho, quem sabe assim, quando talvez me encontre na condição de passarinho, não encontre o exército do bem pra me salvar.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Chutando o balde

Rola no You Tube o vídeo de uma americana que editava vídeos para uma importante empresa daquele país. Cansada do chefe que se preocupava mais com a quantidade dos views e com a quantidade de vídeos produzidos, ela, às 4h30 da manhã, ainda no trabalho, resolveu gravar o vídeo abaixo pedindo demissão.

e

Aposto que você já teve vontade de fazer o mesmo.
Eu fiz!
Há exatas 1 semana e 5 dias, eu fiz. Depois de longos e quase intermináveis 14 anos, eu fiz!
Com contas a pagar e com futuro incerto, eu fiz!
E agora? Você deve estar se perguntando. Agora eu vivo!
Foram anos e anos dedicados a uma família inteira: avó, pai, mãe e filhas. Uma relação que ultrapassava o profissionalismo e beirava a intimidade. Era aí que residia o problema. Eu, além da profissional, era a babá, a secretária particular, a redatora, a professora, a office girll, a confidente, a escrava. E como sempre acontece, você é prestativo e acaba sendo confundido com a Anastásia.
Cresci, é bem certo. Hoje tenho fígado e fôlego pra trabalhar na NASA, pois não havia missão, ainda que espacial, que não fosse executada. Dava-se os fins, jamais os meios. a lei era: TE VIRA!
Adeus piano!!! Adeus corcunda!!!
Larguei o expediente no meio, peguei a bolsa e disse: ADEUS! Me dispus a voltar lá e repassar o serviço, já que era detentora de pastas, documentos e senhas que nem mesmo os chefes tínham. Estava resolvendo problemas que ainda não haviam chegado ao destino final...mas eles recusaram ajuda, estão magoados....tadinhos...
Engulam! É hora do processo reverso. É a vez de vocês ficarem putos comigo, nervosos, como mil vezes fiquei com vocês e tive que comer farinha pra desentalar a espinha da garganta, já que precisava do meu salário.
Está tudo certo. Relação de troca perfeita. Relação de prostituição: dei e recebi. Estamos zerados
Estou imensamente feliz. Nossa!! Outro dia postei um texto sobre o caminho de volta.
A gente corre tanto, trabalha tanto, pra ganhar mais e gastar mais e vai perdendo e se perdendo da vida aos poucos.
A maioria dos poetas e pensadores já escreveram sobre isso. Sobre essa rotina que nos engole feito nuvem de fumaça que você não sabe pra onde correr. Sobre a dureza das rotinas.
Estou feliz! Chutei pro gol e corri pro abraço.
Caminho todas as manhãs. Voltei a estudar e, olha que maravilha, tenho mais tempo pra prestar atenção nas histórias que minha mãe conta, nas gracinhas que minha sobrinha diz e faz. Tenho mais chance de ver a luz natural, já que no meu antigo local de trabalho eu não tinha ideia nem se a chuva havia caído, hermética que vivia em uma sala de ar condicionado, onde entrava pela manhã e saia exatamente todas as noites, por vezes com o almoço ao lado do teclado e uma h-pylory no estômago.
Quer que eu te diga: NÃO VALE A PENA.
É como o crime. NÃO COMPENSA
Hoje recebo o título de ingrata, mal agradecida
Eu cho-ro!
EU NÃO QUERO TER RAZÃO! EU QUERO É SER FELIZ!!!



sexta-feira, 19 de julho de 2013

O segredo da felicidade

Pode não ser pra você, mas é pra mim
O segredo da felicidade É SE SENTIR CONFORTÁVEL.
Absolutamente nada que me cause incômodo ou desconforto me deixa chegar perto de ser feliz.
Olhando para as coisas mais banais e indo até as mais complexas, vejo que o segredo é sempre o conforto, seja do corpo, seja da mente, seja da paz de espírito.
Se um sapato é lindo, mas aperta, eu necessito do conforto e logo descalço. Se aquele carinha é lindo, mas quando abre a boca bosteja, eu sinto aquela indisfarçável vergonha alheia e me afasto. Se falta dinheiro pra pagar as contas e deposito o mínimo no cartão de crédito, eu logo aperto por outro lado pra não me tornar conhecida dos malfadados SPC e SERASA. Se o ambiente no trabalho é hostil, eu tento reinventar a forma com que olho pra ele, com que me relaciono com as pessoas desse convívio, com que realizo minhas tarefas diárias. Se meu relacionamento com um amigo ou com um amor não me deixa à vontade e para isso eu tenha que usar disfarces ou fingir que tudo caminha na mais perfeita harmonia, eu os deixo partir ou eu mesma me vou. Se o corte ou a cor do cabelo não me satisfaz, eu mudo, pinto, recorto, enfeito, molho, ajeito. O que não dá é pra não se sentir confortável! Sentir-se confortável é condição indispensável pra uma vida feliz.
Experimente.
"Eu pago qualquer preço pela minha paz!". Essa sempre foi minha frase de vida e pra conseguir isso eu necessito estar confortável, em paz comigo mesma e com as coisas e pessoas que me cercam. Por isso, sou adepta ao desprendimento, ao deixar partir o que não é pra ficar, ao pular etapas se preciso for. O que não dá é pra fingir que tá bem e deixar aquela espinha engatada na garganta, aquela pedrinha dançando debaixo dos meu pés calçados, aquele zumbido de um mosquito inconveniente nos ouvidos. À exceção da morte, pra tudo há solução. Repito: o segredo é se sentir CONFORTÁVEL.

domingo, 30 de junho de 2013

O caminho de volta

Já estou voltando. Só tenho 38 anos e já estou fazendo o caminho de volta. Até o ano passado eu ainda estava indo. Indo morar no apartamento mais alto do prédio mais alto do bairro mais nobre. Indo comprar o carro do ano, a bolsa de marca, a roupa da moda.

Claro que para isso, durante o caminho de ida, eu fazia hora extra, fazia serão, fazia dos fins de semana eternas segundas-feiras. Até que um dia, meu filho quase chamou a babá de mãe!

Mas, com quase quarenta, eu estava chegando lá. Onde mesmo? No que ninguém conseguiu responder, eu imaginei que quando chegasse lá ia ter uma placa com a palavra "fim". Antes dela, avistei a placa de "retorno" e nela mesmo dei meia volta.

Comprei uma casa no campo (maneira chique de falar, mas ela é no meio do mato mesmo). É longe que só a gota serena. Longe do prédio mais alto, do bairro mais chique, do carro mais novo, da hora extra, da babá quase mãe.

Agora tenho menos dinheiro e mais filho. Menos marca e mais tempo. E não é que meus pais (que quando eu morava no bairro nobre me visitaram quatro vezes em quatro anos), agora vêm pra cá todo fim de semana? E meu filho anda de bicicleta, eu rego as plantas e meu marido descobriu que gosta de cozinhar (principalmente quando os ingredientes vêm da horta que ele mesmo plantou).

Por aqui, quando chove, a Internet não chega. Fico torcendo que chova, porque é quando meu filho, espontaneamente (por falta do que fazer mesmo) abre um livro e, pasmem, lê. E no que alguém diz "a internet voltou!" já é tarde demais porque o livro já está melhor que o Facebook, o Twitter e o Orkut juntos.

Aqui se chama "aldeia" e tal qual uma aldeia indígena, vira e mexe eu faço a dança da chuva, o chá com a planta, a rede de cama. No São João, assamos milho na fogueira. Aos domingos, converso com os vizinhos. Nas segundas, vou trabalhar, contando as horas para voltar.

Aí eu me lembro da placa "retorno" e acho que nela deveria ter um subtítulo que diz assim: "retorno – última chance de você salvar sua vida!" Você provavelmente ainda está indo. Não é culpa sua. É culpa do comercial que disse: "Compre um e leve dois". Nós, da banda de cá, esperamos sua visita. Porque sim, mais dia menos dia, você também vai querer fazer o caminho de volta.

Téta Barbosa é jornalista, publicitária e mora no Recife.
Enviada por: Suelen Caroline Block

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Excelentíssima Senhora Presidente,

Vamos ter um a parte...
Como a senhora pode ver, a coisa está feia pro seu lado e linda pra quem acredita em sonhos. Sim, é um sonho ver meu país acordando; ver nosso povo na rua lutando por algo que nem deveria lutar, já que é direito senhora presidente. Mas a senhora, que é de uma partido (dito) comunista deveria estar de pé, aplaudindo os filhos de nossa pátria amada.
Vamos deixar as formalidades de lado e falar de igual pra igual já que, dizem, a senhora também é brasileira. Sabe o que é, maninha, o povo tá cansado de sustentar vocês e comer, dormir e ter saúde e educação precárias enquanto vocês mamam a lá vonté com os impostos que nos cobram, com o dinheiro que nos roubam. A guerra é muito injusta: minha vó, meu pai e minha e minha mãe sempre me fizeram devolver o que não era meu, inclusive troco a mais. Suaram muito suas camisas pra que eu tivesse o mínimo de educação e eu tive, mas quando cresci fiquei decepcionada ao saber que não eram todos que tinham esse direito...e um dia eu acabei sendo vítima do país sem educação que vocês criam: fui roubada, assaltada e até mantida refém. Veja só! Pudera, né Dilma? Seu país não tá preocupado com desenvolvimento, e daí que essas coisas acabam acontecendo.
Vou te contar outra, veja como sou privilegiada: tenho marcado consultas regularmente e tenho sido atendida  a contento pelos médicos que procuro. Não, deixa de graça, Dilma! Claro que não é no SUS, eu pago meu plano de saúde, mas não deveria, né?! Já que saúde também é obrigação do estado segundo a tal da Constituição. E por falar nisso, essa tal aí, assim como o seu governo, é uma piada de muito mal gosto.
Ah, tenho uma dúvida: por que um político ganha um salário milionário pra trabalhar 3 dias na semana, tem direito a motorista, vale-alimentação, carro com combustível pago por nós, auxílio moradia, auxílio terno (tadinho, com o que ganham não dá pra comprar), 14º, 15º????? Ele trabalha tão pouco, não tem graça ganhar tudo isso enquanto o pedreiro daqui de casa não ganha nem a fração e encara o sol de Belém.
E por falar em sol, aqui é bem quente, né Dilma, tu já estiveste aqui, mas olha, vou te contar uma coisa, a situação no Nordeste é de comover o mundo inteiro, menos a senhora, que me contaram as boas línguas, doou arroz em toneladas para Cuba enquanto os nordestinos aqui almoçam xique-xique e tomam água barrenta. É verdade, não é mentira não. Tu sabes que o povo aqui aumenta mas não inventa. A propósito,  maior que os fatos contados pelo povo são os impostos cobrados pelo governo. "Crendeuspaiavimaria", como aumentam! E o retorno, que é bom, néca de pitibiribas! O retorno só rola pra vocês, que engordam suas contas às nossas custas.
Veja bem, dizem por aí que até que o teu governo não é dos piores. Tá vendo como vocês nos acostumaram mal, estamos nos contentando com migalhas e nos transformando num país de merda. Vou te dar uma dica: tu tens que ser excelente, mulher! É tua obrigação! Tu és nossa funcionária! A gente te paga (e muito bem) pra isso! Do contrário, tu vais ficar aí recebendo VAIA, maninha, toda vez que tu apareceres em público e,olha, não é legal! Sabe por quê? Porque o cara da FIFA ainda ficou chamando a gente de mal educado. E num é que é verdade, nossa educação anda rasa, nossas escolas não são bonitas como os estádios que tu e o senhorzinho lá mandaram construir. As cadeiras não tem o mesmo conforto, os banheiros. Aliás, cá pra nós, professor tá ganhando mal pra porra. Bora dividir melhor essa renda. E, olha só, tu vais passar vergonha na copa, mulher. Tô te avisando! O transporte público do país que comandas é uma bosta, outro dia mesmo tive de ir comprar um carrinho pra nossa família porque eu só pegava ônibus lotado na ida e, na volta do trabalho, demorava tanto a passar que eu não sei se cansava mais do trabalho ou de ficar em pé na parada do ônibus correndo também o risco de ser surpreendida por aqueles filhos teus e da pátria que não queres, de jeito nenhum, educar.
Ei Dilma, o povo cansou e se eu fosse tu eu ia pra rua também levar pelo menos uma bala de borracha na cara pra ter noção dessa coisa linda que meu país tá vivendo. E só pra fechar: pára, mana, de obrigar a gente a votar. O meu país é livre! Meu Dilma, porque teu, definitivamente, não há mais de ser!

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Despedida...

Quando alteramos nosso destino e abrimos mão daquilo que um dia sonhamos somos severamente julgados, pelos outros e também por nós. Somos tachados de covardes, incapazes e outras coisas pejorativas que geralmente vêm de bocas com línguas grandes e egos inflados.
Na verdade, quando abrimos mão de algo que fez nosso coração vibrar, nosso pulso acelerar e nosso mundo ter mais cor temos que ser muito  mais fortes do que quando nos dispusemos a sonhar. Isso não deixa de ser prova de coragem.
A história começa lá atrás, com uma menina de sorte que morava com a mãe e os dois irmãos na ante-sala da avó materna e fazia com o primo os brinquedos da infância; que dividia com a amiga um par de patins; que estudou em escola particular a vida inteira porque dispunha de uma bolsa integral dedicada aos menos abastados e que nesses tempos de escola estudava com a amiga nos livros dela. Mesmo sendo uma apaixonada por eles não podia ter os seus. Eram caros demais, artigo de luxo indisponível para recursos parcos. E foi assim que a menina aprendeu a esperar e, de certa forma, até a se conformar, pois encontrava na biblioteca da tia, não muito solícita, uns livros que ela  podia ler ali, na presença dela.
A menina vivia envolvida nesse mundo das palavras e desde muito cedo apaixonou-se por língua portuguesa e suas conjugações verbais, suas concordâncias, discrepâncias, análises sintáticas, discursos sintéticos, frases de efeito, textos bem elaborados e até (não contem a ninguém) passagens dos livros de Roberto Shinyashiki; adorava uma brincadeira de escola e sempre ajudava as amigas nas vésperas de provas.
Nasceu o sonho: "vou ser professora"
Faculdade de letras: ok
Especialização em linguística: ok
Durante esse período em que pagou faculdade a menina, agora uma mulher, não conseguia ter seus livros. Nunca dava. Continuavam a ser artigos de luxo.
Depois de formada a menina recebe uma proposta irrecusável de trabalho com um salário que nunca imaginou receber. A menina enlouqueceu e com sua formação sonhada foi...ser administradora.
Comprou livros, comprou livros, comprou livros. Mensalmente era uma par, no mínimo.
Ia e voltava do trabalho ávida, engolindo seu tesouro. Montou uma biblioteca de dar inveja à Universidade Estadual, tudo atual que adquiria em congressos e seminários que não deixou de participar. De zero foi a mais de duzentos. Ganhou uma estante, plantou-a no seu quarto, criou seu mundo. Saiu do emprego anterior e foi gerenciar uma loja de cosméticos e perfumaria.
E a sala de aula? E o sonho da menina?
Passaram-se 7 anos...
Hoje a menina, sem muito pensar, colocou suas gramáticas, seus livros de linguística e seus sonho em duas enormes sacolas plásticas, jogou na mala do carro e deixou com os amigos de faculdade, professores reais de fato e de direito.
Depois que chegou em casa deu de cara com o vazio da estante e alguma coisa na garganta. Despediu-se. Despiu-se. Deixou pra trás...
A menina entende que nem todo sonho se realiza e que livros são úteis demais pra ficarem enfeitando estantes, que é melhor deixá-los com quem realmente vá usá-los. Entende que "tornar o amor real é expulsá-lo de você pra que ele possa ser de alguém" e que um sonho pode ser realizado por outro alguém. E, apesar da dor da despedida, ficou feliz com a certeza de tê-los deixado em boas mãos...

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Quando a honestidade mostra a cara



Na terça-feira (05.04), em meio a um frenesi louco de trabalho, andando de um lado a outro pra resolver coisas, certa hora peguei meu telefone pra ligar e percebi que não tava comigo. Desespero! Em fração de segundos a gente pensa na agenda, nas fotos e...claro, nas parcelas do maldito aparelho que pobre compra em 3.634 prestações. Liguei pros lugares por onde passei e...nada. Liguei pro meu número: "alô! Oi, acabei de encontrar esse telefone no chão, na porta do... e gostaria de devolver"
Nos tempos de hoje, o primeiro pensamento foi: "puta merda! tô lisa! Vou ser extorquida! E agora, quem vai me devolver a troco de nada?"
- Olha, tô no meu trabalho, que fica no endereço....
Mais medo.
- Rodrigo Santos, vai lá por favor! Só pode ser casinha
- Bora lá junto
- Tá beleza!
Chegamos no local informado e lá encontramos...Dona Dirce com meu telefone nas mãos. Abriu um sorriso e imediatamente contou como encontrou o foragido da minha bolsa.
Nada me pediu
Eu, claro, agradeci milhões de vezes e disse que o mundo precisava de gente como ela. Deixei um agrado (não monetário. Como falei, tava lisa) que ela, envergonhada, agradeceu mais a mim que eu a ela.
Palmas para Dona Dirce (clap clap clap) que deu um tapa na cara da minha desconfiança e uma lição que serve para todos.
Dona Dirce não tem Face, mas tem face, tem aquela cara da honestidade que anda tanto em falta por aí. Devolveu-me não somente o celular, mas um fio de esperança.
Dona Dirce, sua linda!

domingo, 17 de março de 2013

Marina e Ulay

Definitivamente um dos vídeos mais bonitos que já vi na minha vida. Assistindo sem conhecer a história de Marina Abramovic e Ulay, mais parece um vídeo como outro qualquer, sem saber que na verdade, trata-se de uma das mais belas histórias de amor...

"Nos anos 70, Marina Abramovic viveu uma intensa história de amor com Ulay. Durante 5 anos viveram num furgão realizando todo tipo de performances. Quando sentiram que a relação já não valia aos dois, decidiram percorrer a Grande Muralha da China; cada um começou a caminhar de um lado, para se encontrarem no meio, dar um último grande abraço um no outro, e nunca mais se ver.

23 anos depois, em 2010, quando Marina já era uma artista consagrada, o MoMa de Nova Iorque dedicou uma retrospectiva a sua obra. Nessa retrospectiva, Marina compartilhava um minuto de silêncio com cada estranho que sentasse a sua frente. Ulay chegou sem que ela soubesse e... Foi assim."

(Traduzido por Rodrigo Robleño)


Ah, seria tão mais digno se as relações acabassem assim...
Se tivéssemos o desprendimento, a coragem e o respeito de simplesmente ir embora e nos despedir de algo que foi bom, grandioso, mas que agora não rende os mesmos frutos, não desperta os mesmos sorrisos, não provoca mais as boas sensações. Assim, sem caber espaços pra mágoas e criando o famoso relicário que Nando cantou.
Não, a maioria não acaba assim, fica um visgo de mágoa que deixa cegar o que houve de bom: a cumplicidade, a paixão, a maneira como se olhavam antes do beijo...
Tenho perseguido insistentemente a ideia de não brigar antes de deixar partir, fiz isso com três pessoas: um namorado e duas "amigas". Não briguei, não gritei, eu simplesmente me despedi e mudei de estrada. Nunca é a melhor experiência da sua vida, mas é menos desgastante.
Quanto a Marina e Ulay, aplaudo de pé. O vídeo eu já vi umas 9 vezes pelo menos.

sexta-feira, 15 de março de 2013

"Quando você chegar, que seja sem permissão, sem anúncios, sem entrada principal. Entre pelos fundos, pela porta lateral, pela chaminé, pela janela, sem que eu perceba. Inesperadamente. Supreendentemente. E que seja para ficar. Não me traga flores nem bombons, embora eu goste, porque é clichê demais. Traga-me um cartão em relevo, com algumas mentiras bonitas para eu acreditar. Conte-me histórias que me façam rir e também sonhar. Quando você chegar, eu espero que o amor não seja mais tão demodê. E que você me presenteie com certezas, sem receitas. E eu correrei até o fim do mundo para não ver o mundo acabar, então segure forte a minha mão e não a solte nunca.

Não seja previsível! Não gosto de pessoas óbvias, de atitudes esperadas, de alma com leitura fácil. Gosto da descoberta, de decodificar, de me embasbacar. Quando você chegar, faça meu coração trepidar, como quando se assusta com os raios nos dias em que o sol fica cinza. Faça-me contrair os músculos, sentir a alma escapar, as mãos suarem, o chão faltar e a respiração falhar. Traga-me o abandono. O abandono da dor, das lágrimas, das palavras descartáveis, dos encantos quebrados, dos romances desfeitos, do adeus pra sempre. Traga-me a afinação do tamanho exato para um amor próprio há muito desafinado.

Exija de mim a mais pura alegria, a completa entrega, uma breve leveza, a minha melhor parte, somente a verdade e nada mais. Queira meus defeitos, o meu lado menos bonito, e goste dele. Deixe-me escolher o sabor do iogurte, entre o pão francês e o integral, a cor da sua camisa, a vaga no estacionamento, um filme para assistir e o nome dos filhos. Aceite a minha preguiça, a minha falta de tempo e de jeito, as minha manias estranhas e a minha risada escandalosa. Entenda, a minha tristeza é daquelas de querer morrer, e o meu amor é tão imenso que pode não te caber. Quando você chegar, o sol irá correr para abraçar esse dia. E quando isso enfim acontecer, me deixe livre para ir e ainda assim querer ficar com você."

♥ ♥ ♥
www.segredosdetravesseiro.com 

terça-feira, 5 de março de 2013

"Tenho uma amiga que quando percebe que eu estou triste costuma me perguntar quem roubou a minha caixa de lápis de cor. Tem vez que nem pergunta, apenas comenta: “poxa, dessa vez levaram as cores que você mais gosta!” A tristeza afrouxa um pouco, por mais que eu esteja chateada. Primeiro, porque é muito bom a gente se sentir olhado com carinho. Depois, porque essa expressão tem uma inocência capaz de fazer gente grande tocar em coisas sérias sem ficar com medo de queimar a mão. De vez em quando, ao ouvir a pergunta, acontece de uma lágrima ou outra escapulir, afeitos que alguns sentimentos são a desaguar no rosto quando o coração fica apertado. Mas, algumas vezes, quando eu choro diante dessa indagação não é pelas cores que não encontro na caixa nem por lembrar de quem supostamente as roubou. Choro por perceber que ainda dou aos outros o poder de roubá-las. Por notar que, no fim das contas, quem rouba os meus lápis de cor preferidos sou eu." Ana Jácomo

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Sobre a renúncia...

O melhor texto que li sobre o assunto...

Foto: "Tenho 23 anos e ainda não entendo muitas coisas. E há muitas coisas que não se podem entender as 8h da manhã quando te acordam para dizer em poucas palavras: “Daniel, o papa renunciou.” Eu apressadamente contestei: “Renunciou?”. A resposta era mais que óbvia, “Renunciou, Daniel, o papa renunciou!”.

O papa renunciou. Assim amanheceu escrito em todos os jornais, assim amanheceu o dia para a maioria, assim rapidamente alguns tantos perderam a fé e outros muitos a reforçaram. Poucas pessoas entendem o que é renunciar.

Eu sou católico. Um de muitos. Desses que durante sua infância foi levado à missa, cresceu e criou apatia. Em algum ponto ao longo da estrada deixei pra lá toda a minha crença e a minha fé na Igreja, mas a Igreja não depende de mim para seguir, nem de ninguém (nem do Papa). Em algum ponto da minha vida, voltei a cuidar da minha parte espiritual e assim, de repente e simplesmente, prossegui um caminho no qual hoje eu digo: Sou católico. Um de muitos sim, mas católico por fim. Mas assim sendo um doutor em teologia, ou um analfabeto em escrituras (desses que há milhões), o que todo mundo sabe é que o Papa é o Papa. Odiado, amado, objeto de provocações e orações, o Papa é o Papa, e o Papa morre sendo Papa. Por isso hoje quando acordei com a notícia, eu, junto a milhões de seres humanos, nos perguntamos “por que?”. Por que renuncia senhor Ratzinger? Sentiu medo? Sentiu a idade? Perdeu a fé? A ganhou? E hoje, 12 horas depois, creio que encontrei a resposta: O senhor Ratzinger renunciou toda a sua vida.

Simples assim.

O papa renunciou a uma vida normal. Renunciou ter uma esposa. Renunciou ter filhos. Renunciou ganhar um salário. Renunciou a mediocridade. Renunciou as horas de sono pelas horas de estudo. Renunciou ser só mais um padre, mas também renunciou ser um padre especial. Renunciou preencher a sua cabeça de Mozart, para preenchê-la de teologia. Renunciou a chorar nos braços de seus pais. Renunciou a, tendo 85 anos, estar aposentado, desfrutando de seus netos na comodidade de sua casa e no calor de uma lareira. Renunciou desfrutar de seu país. Renunciou seus dias de folga. Renunciou sua vaidade. Renunciou a defender-se contra os que o atacavam. Sim, isso me deixa claro que o Papa foi, em toda sua vida, muito apegado à renuncia.

E hoje, voltou a demonstrar. Um papa que renuncia a seu pontificado quando sabe que a Igreja não está em suas mãos, mas nas mãos de alguém maior, parece ser um Papa sábio. Nada é maior que a Igreja. Nem o Papa, nem seus sacerdotes, nem os laicos, nem os casos de pedofilia, nem os casos de misericórdia. Nada é maior que ela. Mas ser Papa nesse tempo do mundo, é um ato de heroísmo (desses heroísmos que acontecem diariamente em nosso país e ninguém nota). Recordo sem dúvida, as histórias do primeiro Papa. Um tal... Pedro. Como morreu? Sim, em uma cruz, crucificado igual ao teu mestre, mas de cabeça para baixo. Hoje em dia, Ratzinger se despede de modo igual. Crucificado pelos meios de comunicação, crucificado pela opinião pública e crucificado pelos seus irmãos católicos. Crucificado pela sombra de alguém mais carismático. Crucificado na humildade que tanto dói entender. É um mártir contemporâneo, desses que se pode inventar histórias, a esses que se pode caluniar e acusar a vontade, que não respondem. E quando responde, a única coisa que faz é pedir perdão. “Peço perdão pelos meus defeitos”. Nem mais, nem menos. Quanta nobreza, que classe de ser humano. Eu poderia ser mórmon, ateu, homossexual e abortista, mas ver uma pessoa da qual se dizem tantas coisas, que recebe tantas críticas e ainda responde assim... esse tipo de pessoa, já não se vê tanto no mundo.

Vivo em um mundo onde é engraçado zombar o Papa, mas que é um pecado mortal zombar um homossexual (e ser taxado como um intolerante, fascista, direitista e nazista). Vivo em um mundo onde a hipocrisia alimenta as almas de todos nós. Onde podemos julgar um senhor de 85 anos que quer o melhor para a Instituição que representa, mas lhe indagamos com um “Com que direito renuncia?”. Claro, porque no mundo NINGUÉM renuncia a nada. Ninguém se sente cansado ao ir pra escola. Ninguém se sente cansado ao ir trabalhar. Vivo um mundo onde todos os senhores de 85 anos estão ativos e trabalhando (sem ganhar dinheiro) e ajudam às massas. Sim, claro.

Mas agora sei, senhor Ratzinger, que vivo em um mundo que vai sentir falta do senhor. Em um mundo que não leu seus livros, nem suas encíclicas, mas que em 50 anos se lembrará como, com um simples gesto de humildade, um homem foi Papa, e quando viu que havia algo melhor no horizonte, decidiu partir por amor à sua Igreja. Vá morrer tranquilo senhor Ratzinger. Sem homenagens pomposas, sem um corpo exibido em São Pedro, sem milhares aclamando aguardando que a luz de seu quarto seja apagada. Vá morrer, como viveu mesmo sendo Papa: humildemente.

Bento XVI, muito obrigado por renunciar."


Traduzi do artigo postado em http://oehd.wordpress.com/2013/02/12/siempre-renuncias-benedicto/ por revelar com muita fidelidade meu sentimento e pensamento sobre o assunto. =)

"Tenho 23 anos e ainda não entendo muitas coisas. E há muitas coisas que não se podem entender as 8h da manhã quando te acordam para dizer em poucas palavras: “Daniel, o papa renunciou.” Eu apressadamente contestei: “Renunciou?”. A resposta era mais que óbvia, “Renunciou, Daniel, o papa renunciou!”.

O papa renunciou. Assim amanheceu escrito em todos os jornais, assim amanheceu o dia para a maioria, assim rapidamente alguns tantos perderam a fé e outros muitos a reforçaram. Poucas pessoas entendem o que é renunciar.

Eu sou católico. Um de muitos. Desses que durante sua infância foi levado à missa, cresceu e criou apatia. Em algum ponto ao longo da estrada deixei pra lá toda a minha crença e a minha fé na Igreja, mas a Igreja não depende de mim para seguir, nem de ninguém (nem do Papa). Em algum ponto da minha vida, voltei a cuidar da minha parte espiritual e assim, de repente e simplesmente, prossegui um caminho no qual hoje eu digo: Sou católico. Um de muitos sim, mas católico por fim. Mas assim sendo um doutor em teologia, ou um analfabeto em escrituras (desses que há milhões), o que todo mundo sabe é que o Papa é o Papa. Odiado, amado, objeto de provocações e orações, o Papa é o Papa, e o Papa morre sendo Papa. Por isso hoje quando acordei com a notícia, eu, junto a milhões de seres humanos, nos perguntamos “por que?”. Por que renuncia senhor Ratzinger? Sentiu medo? Sentiu a idade? Perdeu a fé? A ganhou? E hoje, 12 horas depois, creio que encontrei a resposta: O senhor Ratzinger renunciou toda a sua vida.

Simples assim.

O papa renunciou a uma vida normal. Renunciou ter uma esposa. Renunciou ter filhos. Renunciou ganhar um salário. Renunciou a mediocridade. Renunciou as horas de sono pelas horas de estudo. Renunciou ser só mais um padre, mas também renunciou ser um padre especial. Renunciou preencher a sua cabeça de Mozart, para preenchê-la de teologia. Renunciou a chorar nos braços de seus pais. Renunciou a, tendo 85 anos, estar aposentado, desfrutando de seus netos na comodidade de sua casa e no calor de uma lareira. Renunciou desfrutar de seu país. Renunciou seus dias de folga. Renunciou sua vaidade. Renunciou a defender-se contra os que o atacavam. Sim, isso me deixa claro que o Papa foi, em toda sua vida, muito apegado à renuncia.

E hoje, voltou a demonstrar. Um papa que renuncia a seu pontificado quando sabe que a Igreja não está em suas mãos, mas nas mãos de alguém maior, parece ser um Papa sábio. Nada é maior que a Igreja. Nem o Papa, nem seus sacerdotes, nem os laicos, nem os casos de pedofilia, nem os casos de misericórdia. Nada é maior que ela. Mas ser Papa nesse tempo do mundo, é um ato de heroísmo (desses heroísmos que acontecem diariamente em nosso país e ninguém nota). Recordo sem dúvida, as histórias do primeiro Papa. Um tal... Pedro. Como morreu? Sim, em uma cruz, crucificado igual ao teu mestre, mas de cabeça para baixo. Hoje em dia, Ratzinger se despede de modo igual. Crucificado pelos meios de comunicação, crucificado pela opinião pública e crucificado pelos seus irmãos católicos. Crucificado pela sombra de alguém mais carismático. Crucificado na humildade que tanto dói entender. É um mártir contemporâneo, desses que se pode inventar histórias, a esses que se pode caluniar e acusar a vontade, que não respondem. E quando responde, a única coisa que faz é pedir perdão. “Peço perdão pelos meus defeitos”. Nem mais, nem menos. Quanta nobreza, que classe de ser humano. Eu poderia ser mórmon, ateu, homossexual e abortista, mas ver uma pessoa da qual se dizem tantas coisas, que recebe tantas críticas e ainda responde assim... esse tipo de pessoa, já não se vê tanto no mundo.

Vivo em um mundo onde é engraçado zombar o Papa, mas que é um pecado mortal zombar um homossexual (e ser taxado como um intolerante, fascista, direitista e nazista). Vivo em um mundo onde a hipocrisia alimenta as almas de todos nós. Onde podemos julgar um senhor de 85 anos que quer o melhor para a Instituição que representa, mas lhe indagamos com um “Com que direito renuncia?”. Claro, porque no mundo NINGUÉM renuncia a nada. Ninguém se sente cansado ao ir pra escola. Ninguém se sente cansado ao ir trabalhar. Vivo um mundo onde todos os senhores de 85 anos estão ativos e trabalhando (sem ganhar dinheiro) e ajudam às massas. Sim, claro.

Mas agora sei, senhor Ratzinger, que vivo em um mundo que vai sentir falta do senhor. Em um mundo que não leu seus livros, nem suas encíclicas, mas que em 50 anos se lembrará como, com um simples gesto de humildade, um homem foi Papa, e quando viu que havia algo melhor no horizonte, decidiu partir por amor à sua Igreja. Vá morrer tranquilo senhor Ratzinger. Sem homenagens pomposas, sem um corpo exibido em São Pedro, sem milhares aclamando aguardando que a luz de seu quarto seja apagada. Vá morrer, como viveu mesmo sendo Papa: humildemente.

Bento XVI, muito obrigado por renunciar."

Por Cristiano Sousa Borges

domingo, 13 de janeiro de 2013

Um assunto delicado...

"Gosto, religião e futebol não se discute".
Escutei isso a minha vida toda e nunca me conformei muito com a ideia. Discutir, dialogar, trocar ideias, dissertar, divergir são coisas que fazem e sempre fizeram parte do meu show. Se o contrário fosse não haveria o Direito (que me corrija Raíssa Biolcati se eu estiver errada), nem o livre-arbítrio (que me julgue Deus). Então preciso tocar num assunto ultra delicado... religião.
Nasci e fui batizada no catolicismo e nele pretendo morrer, com um padre segurando água benta em uma mão e a bíblia na outra, dando ao meu corpo sem vida e à minha alma a extrema unção. Apesar de não ser uma católica praticante, tenho no retrovisor do carro um terço, na carteira um santinho com a oração de São  Jorge (que julgo a mais poderosa de todas) e ao lado do meu computador, no trabalho, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, que me acompanha desde o segundo emprego, aos 19 anos. Tenho também um míni presépio em meu quarto, na estante, que fica lá de dezembro a dezembro. Gosto disso tudo, me sinto protegida por esses símbolos.
Nascida em uma família de muitos tios (pelo menos 5 de cada lado) e todos católicos, fui percebendo que conforme ia crescendo eles iam trocando de religião. Hoje, apenas eu e mamãe somos católicas e eu confesso que isso me deixa com uma pitada de incômodo.
Nunca concordei com tudo o que a igreja romana apregoa, o celibato é uma delas, desconfio de trechos bíblicos porque foram escritos pelos homens; os 10% do dízimo, inclusive. Acredito que você não deve gastar tudo o ganha com você enquanto tantos passam fome, e se você ajuda alguém de alguma forma, você está ajudando a igreja a desemprenhar uma de suas tarefas. Isso pra mim é dízimo. Enfim...como paraense acho o Círio de Nazaré o maior exemplo de fé, de religião, de lugar onde Deus, com certeza absoluta, está presente e não me vejo sem viver isso. Por conta desse êxodo religioso familiar, mamãe não faz mais o almoço do Círio. Somos só nós duas, afinal. E vi nos olhos dela a tristeza quando minha sobrinha, que considero filha e fui madrinha de crisma, um ano depois disso foi batizada na Igreja Quadrangular e hoje tem sua Célula. Ok, ninguém é obrigado a morrer seguindo uma doutrina mas, sinceramente, o que leva à mudança? Quais os motivos? Meu pai, que é obreiro na Igreja Mundial da Graça diz: "minha filha, um dia você também vem. Todos vêm, se não for pelo amor, vem pela dor".
Juro, não vou. Não vou porque discordo da ideia de que apenas o evangélicos é que são os salvos. O cristianismo prega que Cristo irá voltar para arrebatar "os seus" que, dizem os evangélicos, "são eles" porque aceitaram Jesus. Eu também aceitei, mas não precisei mudar de religião pra isso e nem alterar minha forma de fé. Acredito que quando Jesus voltar "os seus" tão referidos serão as pessoas de bem, que respeitam o próximo, que não atentam contra a dignidade ou a vida de ninguém, independente da religião que professe. Existem pessoas boas e más em qualquer religião, então por que essa exclusividade?
Escolhas à parte, sinto que eu e a mamãe somos sobreviventes de um naufrágio. E não me importo se isso parecer exagero, melodrama ou qualquer outra coisa, me importo e me incomodo com essa mudança tão sentida; me importo em não poder reunir mais a família no natal dos paraenses; me importo com a ausência de padrinhos nas próximas gerações dos Soares e Furtado; me importo com as tradições que vão ficando pelo caminho: como a defumação que a vovó fazia no último dia de todos os anos depois que chegava do ver-o-peso com sacolas cheias de ervas perfumadas para afastar coisas ruins e atrair coisas boas para o novo ano; me importo com a extinção dos santuários em algum canto das casas; me importo com o barulho que fazem quando realizam seus cultos na vizinhança. Deus não é surdo. É isso.
Não me importo se dirão que se eu mesma falo de livre-arbítrio, então por que escrevi tudo isso? Por que estou tão incomodada? Então para responder recorrerei a duas pessoas: Zeca Pagodinho e Arnaldo Antunes:
"O dono da dor sabe o quanto dói"
"A dor é minha. A dor é de quem tem...É minha só, não é de mais ninguém"

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

2012, o ano da minha preguiça

Ok, se insistem em zerar pra começar tudo de novo....segue meu primeiro post de 2013.
Preguiça de escrever, foi a palavra de ordem em 2012. A prova está no número de postagens dos anos anteriores, mas sei a quem atribuo a culpa: ao cansaço do trabalho que diariamente me levou à exaustão; daí quando chegava em casa era cama, filminho, preguiça, comida e uma olhadinha no Face.
Preguiça. Tive muita preguiça de continuar amiga de gente que se acha, então mandei em frente. Fiquei tão mais feliz e disposta depois que se foram com seus fingimentos, ôba ôba e demais chatices. Em compensação a vida me trouxe a Lely, que adoro, e me fez permanecer com Beth, Paula e Mauro. Sim, eu tenho os meus preferidos, sempre terei e não me importo se isso chateia alguém.É puro darwinismo.
Preguiça. Eu tive preguiça de tentar mudar a cabeça dura do meu, pela segunda vez, ex-namorado. E mais do que nunca tive a certeza de que não são os opostos que se atraem, são os iguais, os afins. como falei, estávamos nos reconhecendo, e bastaram dois meses para descobrirmos que não daríamos certo de nenhum jeito, ainda que nos esforçássemos. Ele voltou de repente e também se foi. Fiquei exatamente algumas horas chateada e no dia seguinte eu já sentia outro perfume porque a paciência nunca foi minha grande amiga.
Viajei. Fui a São Luiz com uma turma da pesada e foi muito legal. Uma viagem inesquecível e cheia de aventuras. Fui a São Paulo com minha anja e tomei um banho de cultura: visitei a Bienal, conheci o Masp, assisti a espetáculos da Broadway. Tudo muito válido, tudo mega perfeito.
Conheci o Pe. Fábio e pude comprovar sua humildade, simplicidade e sabedoria. Deus sabe a emoção. Deus sabe o presente que me deu. Ô homenzinho sábio.
Preguiça. Tive preguiça de tirar a habilitação, mas tenho que fazer isso agora que meu carro voltou. É, foi uma novela, mas ele foi devolvido depois de muita dor de cabeça, estresse e amizades terminadas (que por sinal não fazem falta). Agora ele só espera a minha carteira pra que eu saia por aí. O que mais vou gostar é de ir visitar a Paulinha lá em Icoaraci, minha amiga linda linda linda e de levar a mamis pra onde ela quiser.      
Preguiça. Preguiça de continuar a escrever.
Preguiça, par por aqui.