Foi-se o tempo em que nosso vizinho atravessava a rua, violão debaixo do braço, sorriso no rosto e se juntava a, pelo menos, mais cinco cadeiras dispostas na calçada de casa para passar a noite em seresta, entre amigos e etílicos. na calçada da direita um enorme garrafão era desenhado e, entre tapas nas costas e nos postes, os menores brincavam. E a noite se seguia entre papos e músicas (por sinal muito boas e conteudistas) até altas da madruga.
Hoje, trancamos nossas crianças na frente de play stations e alienamos seu mundo. Nosso vizinho precisa dispor de um controle para abrir o portão ultra elétrico e eletrônico da sua casa para que entremos e possamos "serestar", bater papo, enfim...
A modernidade trouxe comodismo e insegurança. A febre consumista faz com que trabalhemos mais para poder termos mais e "melhor". Passamos menos tempo com nossas famílias e chegamos ao cúmulo de dizer coisas do tipo: "olha amigos (de trabalho) nós temos de nos dar bem porque passamos mais tempo de nossas vidas no trabalho que em casa. Meu Deus, aonde vamos parar?! Se é que vamos parar.
Outro grande problema é que não somos apenas nós, trabalhadores, que desejamos consumir, consumir, consumir. Quem não trabalha, e não faz a menor questão de, também. Esses vagabundos de plantão também querem o 13º salário deles e, por conta disso, saimos de casa todos os dias, com os nervos a flor da pele e com a bolsa, carteira, vazias, porque corremos o risco de sermos interceptados por uma criatura à toa que quer se apoderar de tudo aquilo que, a duras penas, conseguimos. Aquilo que, depois de um mês inteiro (e as vezes anos) de trabalho, aturando "encheção de saco" de chefe, desleixo de funcionário ou fazendo aquilo de que não gostamos, pudemos conseguir.
Adeus bolsa, eu nem gostava desse modelo mesmo!
Adeus identidade, tava precisando trocar porque aquela foto de 1910 não dava mais.
Adeus cartões de crédito, já tava na hora de parar de gastar um pouco.
Adeus bicicleta, caminhar faz bem...
Balela! Isso tudo é pra disfarçar indignação e impotência diante de fatos tão absurdos; diante de uma criatura maldita que impunha uma arma e te ameaça a vida. Que vida, meu Deus??? Somos prisioneiros dentro de nossos próprios lares, bares e pares.
Vale um parêntese pra dizer que, junto com a modernidade consumista, temos a modernidade criminal e as coisas que viram moda nesses bandos. Pra estudar a cabeça não serve, mas pra ter a mente perversa...ô gentezinha criativa.
Foi-se o tempo em que eles queriam apenas nossos carros, motos, bicicletas. A moda agora é outra: você está lá curtindo aquele sonho com o Brad Pitt ou Angelina Jolie e eis que um indivíduo te acorda, te faz refém e começa o rapa e te diz, com a mior cara de pau do sistema solar: "não te preocupa, nós vamos levar TUDO mesmo". E lá se vão roupas, sapatos, bolsas, jóias e até porta-retratos. É gente, parece brincadeira, mas é sério. Só eu, Claudiana Soares, conheço 4 (eu disse quatro) pessoas que passaram por esse tipo de situação. Agora pensem nas estatísticas...
Bem feito pra gente, nos modernizamos e nos escravizamos.
Adeus noites de pique esconde, garrafão, elástico, bandeirinha, seresta, taco etc.
Bem vindos aos mundo cão.
E, olha, cuidado, eles estão á solta e loucos pelo décimo terceiro salário!
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Olha Clau...