sábado, 8 de setembro de 2012

O fio da meada

Pois é...com o tempo a gente perde o fio da meada, o controle, as horas, os dias, o tempo que passa e há quanto ele passa, e o quanto ainda resta. Você percebe que tem um monte de coisa guardada no armário que nunca mais vai usar, mas ainda assim guarda. Não se desprende do que não lhe serve mais.
Com o tempo a gente perde a ponta do fio que nos ata a velhos e bons amigos, com quem partilhamos momentos únicos, e você não percebe em que momento a ponta se perdeu no novelo e você desatou sua vida da dele. Vocês sequer divergiram em opiniões e não se veem mais porque cada um seguiu sua vida. Enquanto isso, ao mesmo tempo você acha uma ponta que une você a outras tantas pessoas que com o (con)viver vai percebendo que não são exatamente o que você imaginou ou o que apresentou a você. E você tenta lembrar há quanto tempo você não percebe que este novelo é composto pela mesma linha que tece a teia de uma aranha, que ao primeiro toque se desfaz. Frágil, ainda bem, mas decepcionante também.
Com o tempo você olha no espelho e percebe umas linhas que antes não tinha, um volume a mais que antes não existia, um olhar que não costumava ofertar, um sorriso lançado para agradar ou mesmo não contrariar. E se questiona quanto tempo passou sem que você tivesse começado a perceber as mudanças, as andanças, as (des)esperanças, o quanto lhe resta.
Você se dá conta das coisas que deixa de olhar por conta da pressa, do frenesi que é estar nesse mundo e ir atropelando as coisas, os sentimentos, as horas e as vezes até as pessoas: "Desculpa, não percebi que você tava aí, tava tão distraída. Você é o irmão da Alice, não é? - Não"... E aí você se dá conta de que só se pode reconhecer o que se conhece. Mas nem mesmo você se reconhece fora do seu alter ego. E o novelo ganha volume... E a ponta....(???)
E tudo lhe tira a saúde: a pressa, as ocupações, as desilusões, as decepções, as preocupações, a falta de exercício, de tempo, a má alimentação, a falta de leitura e até nos cabelos a pintura. E se questiona em que momento você perdeu o controle e deu início ao fim. E começou a pecar, a não se importar, a trançar ainda mais os fios.
Na verdade o tempo não basta para as coisas que são muitas. E enquanto o trem da vida passa você agarra e mantém o que pode, outras coisas você simplesmente deixa partir.





2 comentários:

  1. Não temos muita opção. A vida é uma viagem sem volta. No caminho encontramos companheiros de viagem que vem e vão. O que nos resta é aproveitar o passeio.
    Um abraço e boa viagem pra você.

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Olha Clau...