Sempre atual.
Mesmo estando há mais de 20 anos em cartaz, a peça Verde Ver-o-Peso sempre traz uma novidade.
Como comédia de costumes retrata o dia a dia da maior feira ao ar livre da América Latina. A movimentação, os transeuntes, seus pregoeiros e até mesmo os conhecidos urubus do Ver-o-Peso, que entremeiam a peça contando historias sob suas óticas.
De maneira cômica e, por vezes dramática, Verde Ver-o-Peso enche os olhos e os corações dos expectadores ao apresentar, por exemplo, Maria Igarapé, "Moça da vida" que perambulava pela feira em busca de satisfazer os desejos sexuais dos homens que por ali trabalhavam e que acabara enlouquecendo. É Natal Silva quem encarna a prostituta, dando um verdadeiro show de interpretação, inclusive musical.
O espetáculo apresenta a visitação turística do local e o interese do público estrangeiro em nossos produtos naturais, enfatizando o processo manufatura e remanufatura que nos gera prejuízos financeiros e culturais quando esses produtos são patenteados por empresas de fora.
É retratada a fama dos pequenos furtos que por ali ocorrem, e dos grandes também, realizados pelas mãos de fiscais da administração pública que coagem os vendedores a lhes oferecer seus produtos sem nenhum custo.
São inúmeras situações geradas que tematizam esse cotidiano e colocam em evidência a riqueza e a beleza que temos e que muitas vezes não nos danmos conta ou não valorizamos. Mas o Grupo Experiência é catedrático em nos mostrar, fazendo-nos perceber detalhes e nos fazer rir à vontade.
"Olha aqui minha freguesa, o jambú tá uma beleza. tem arroz, alface e chuchu..."
É imperdível!!!
Clau
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Frase do dia
"Temos que dizer coisas proibidas mesmo quando isso não é de bom-tom, ou seja, temos que nos divertir!"
Sirio Possenti - Humor, Língua e Discurso - Contexto, 2010.
Sirio Possenti - Humor, Língua e Discurso - Contexto, 2010.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Frase do dia
Ouvi essa a caminho do trabalho:
"Tô pegando até sardinha, imagine um filé de salmão daquele"
kkkkkkkkkkkkk, só rindo e lembrando de algumas figuras...
"Tô pegando até sardinha, imagine um filé de salmão daquele"
kkkkkkkkkkkkk, só rindo e lembrando de algumas figuras...
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Sem fé.
Não, não tô falando de Marcelo Dourado.
Falo de outro ser.
Este ser foi acusado justamente de um crime que, sabemos, cometeu.
Mas ninguém provou porque aprovou as notas cheias de garoupas que sairam dos nossos bolsos e que, por sinal, correm livres e numerosas em seu saldo bancário.
A justiça solicitou autorização da Sociedade Protetora dos Animais para treinar seu cão-guia.
Depois disso, Nossa Senhora perdeu a fé nos homens e Jesus sentiu mais uma vez a lança atravessando seu peito. Os dotados de sensatez aliaram-se aos divinos na dor.
E é tanta cara-de-pau que a floresta Amazônica nunca se sentiu tão devastada por uma única pessoa.
E é tanta estupidez que me sinto suja!! Como se tivesse sido estuprada!!! E fui!!!
Arrancaram há muito deste país a vergonha, a decência, a preocupação e o amor ao próximo que alguns falsamente defendem diante de nossos olhos fastigados.
Nos resta, cabisbaixos, entre a esquerda e a direita, balançar a cabeça enquanto pessoas desse tipo, com fiel desdém balançam os ombros e não conseguem ver o sol nascer quadrado.
Tô sem fé!
Falo de outro ser.
Este ser foi acusado justamente de um crime que, sabemos, cometeu.
Mas ninguém provou porque aprovou as notas cheias de garoupas que sairam dos nossos bolsos e que, por sinal, correm livres e numerosas em seu saldo bancário.
A justiça solicitou autorização da Sociedade Protetora dos Animais para treinar seu cão-guia.
Depois disso, Nossa Senhora perdeu a fé nos homens e Jesus sentiu mais uma vez a lança atravessando seu peito. Os dotados de sensatez aliaram-se aos divinos na dor.
E é tanta cara-de-pau que a floresta Amazônica nunca se sentiu tão devastada por uma única pessoa.
E é tanta estupidez que me sinto suja!! Como se tivesse sido estuprada!!! E fui!!!
Arrancaram há muito deste país a vergonha, a decência, a preocupação e o amor ao próximo que alguns falsamente defendem diante de nossos olhos fastigados.
Nos resta, cabisbaixos, entre a esquerda e a direita, balançar a cabeça enquanto pessoas desse tipo, com fiel desdém balançam os ombros e não conseguem ver o sol nascer quadrado.
Tô sem fé!
Ao fim do eterno recomeçar...
Carinhosamente ela perguntou:
- Que tal amiga, te inspirou?
Rapidamente e sem titubear respondi:
- Não
Achei tudo lindo, muito caprichado, detalhado.
Achei linda a felicidade latente, explícita. O amor entre os dois, os três e brevemente os quatro.
Mas me falta a crença. Pesa-me o abrir mão, as mudanças evidentes, necessárias.
Sou feliz e não sei se mudar de caminho me faria ainda ter essa felicidade ou se apenas mudaria de lugar.
Prefiro não arriscar, até porque não há facilidade nessa loteria.
É um lance de sorte proporcionado pelo amor que pra mim ainda não veio.
Mas eu sou feliz, entendam. Não lamento minhas perdas, apenas sou fiel às minhas escolhas.
Já passei por algo parecido e não quero repetir a dose.
Quero continuar a ser feliz do jeito que eu sou.
E essa talvez dureza seja talvez seja quebrada um dia.
Mas não há espera, há viver. Há o deixar que as águas do rio corram seu curso e busquem seu leito sem barreiras.
Não invejo os casais. Fico feliz por eles!
Daí outra amiga diz: um filho te eterniza!
E quem disse que eu quero ser eterna?
Quero ser infinita enquanto eu durar...
Os planos de minha vida pertencem a Deus.
- Que tal amiga, te inspirou?
Rapidamente e sem titubear respondi:
- Não
Achei tudo lindo, muito caprichado, detalhado.
Achei linda a felicidade latente, explícita. O amor entre os dois, os três e brevemente os quatro.
Mas me falta a crença. Pesa-me o abrir mão, as mudanças evidentes, necessárias.
Sou feliz e não sei se mudar de caminho me faria ainda ter essa felicidade ou se apenas mudaria de lugar.
Prefiro não arriscar, até porque não há facilidade nessa loteria.
É um lance de sorte proporcionado pelo amor que pra mim ainda não veio.
Mas eu sou feliz, entendam. Não lamento minhas perdas, apenas sou fiel às minhas escolhas.
Já passei por algo parecido e não quero repetir a dose.
Quero continuar a ser feliz do jeito que eu sou.
E essa talvez dureza seja talvez seja quebrada um dia.
Mas não há espera, há viver. Há o deixar que as águas do rio corram seu curso e busquem seu leito sem barreiras.
Não invejo os casais. Fico feliz por eles!
Daí outra amiga diz: um filho te eterniza!
E quem disse que eu quero ser eterna?
Quero ser infinita enquanto eu durar...
Os planos de minha vida pertencem a Deus.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Padrinhos
terça-feira, 17 de agosto de 2010
O Partinha
Era o tempo da delicadeza...
Sempre aos finais de semana Donana aguardava ansiosa e faceira a hora da festa.
No rosto uma camada generosa de pó compacto.
Batom Grape.
No corpo sempre os mesmos: Charisma, Toque de Amor ou Topaze (ainda recordo o formato das embalagens).
Dizia ela: "Mais tarde vou dançar uma partinha com meu amigo".
O nome dele eu não lembro. É difícil lembrar já que todos em minha família o chamavam de "partinha'.
No início da noite ouvíamos o prefixo do Asa Branca, anunciando que a festa iria começar. Este som me remete às trilhas sonoras de filmes de faroeste. Nunca saiu da minha cabeça, e o Asa Branca era uma aparelhagem sonora típica daqui, em tamanho beeem menor que as atuais.
Vovó atravessava a rua toda prosa em direção à sede do Escalada. Bem alí onde hoje é o hospital. Bem alí onde dancei os carnavais de minha infância e onde fui às primeiras festas de 15 anos da minha vida. Era exatamente alí que Donana dançava inúmeras "partinhas" e chagava ensopada de suor em casa.
O Partinha andava acompanhado de sua inseparável flauta, que ele tocava com mestria. Ficávamos impressionados com o som que ele tirava do instrumento. Quando aportava à frente de nossa casa era um verdadeiro festival de pedidos, que ele atendia imediatamente, embalando assim nossas noites tranquilas por longos e deliciosos anos.
Aos 72 anos a sassariqueira resolveu nos deixar pra alegrar as terras celestiais, e desde então o Partinha sumiu. Primeiro soubemos que ele havia virado evangélico entre cultos calorosos pelo meio da rua e bíblia debaixo das axilas. Depois emudeceu.
Quando voltei a vê-lo, depois de anos e anos, o Partinha estava entrando em um processo de loucura. Pregava o Evangelho a esmo (ou a toda criatura?), andava sempre com sua bíblia e sua flauta. Entre uma pregação e outra tocava seu instrumento.
Hoje a pregação teve fim. O Partinha anda de um lado para outro da cidade sujo, mulambento, desorientado e falando coisas incompreensíveis...mas ainda se ouve ao longe, vez em quando, o som da flauta que ele não perdeu o dom de tocar.
Ontem o encontrei quando esperava o ônibus. Passou por mim sem me ver, mas ao me olhar empunhou a flauta e tocou uma canção do Rei que fala de amor.
A loucura não tirou dele a capacidade de lembrar seus acordes e me devolveu essa doce recordação.
Pra muitos, ele é o flautista, pra mim o eterno "Partinha"
Clau
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Os Ombros Suportam o Mundo ( Carlos Drummond de Andrade)
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Os versos acima foram publicados originalmente no livro "Sentimento do Mundo", Irmãos Pongetti - Rio de Janeiro, 1940. Foram extraídos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78.
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Mulherzinha
"Ligo antes das cinco pra não parecer que ele é a última opção da minha agenda. Dou três opções de restaurante e ele escolhe logo a primeira. Combino de passar umas oito e meia, mando uma mensagem quando estiver na esquina. Aviso que vou atrasar dez minutos. Embico na garagem pra ele não tomar chuva. Pergunto se o ar condicionado está muito forte. Dirijo com uma mão no volante e outra na perna dele. Elogio que ele aparou um pouco a barba, coisa que ele adora pois fui a única a reparar. O manobrista do restaurante abre primeiro a porta dele. Se assusta que é um homem onde eu deveria estar sentada. Entrega o papel do estacionamento pra mim, contrariado, enquanto meu parceiro já está bem distante. Escolho fumante pra agradá-lo mas por sorte sou informada que essas mesas não existem mais. Digo a ele que tudo bem, podemos ficar no frio, na parte de fora. Ele diz que ELE não está a fim de sentir frio e topa não fumar. Eu chamo o garçom e digo que para mim carne e para ele salmão. Eu escolho a taça de vinho dele, eu não vou beber porque estou dirigindo. Eu pego na mão dele, depois da taça estar quase no final, e pergunto se ele não quer ver a linda vista da minha sacada. Ele sufoca um bocejo charmoso e diz que sim. O garçom entrega a conta pra ele, que aperta os olhos pra enxergar com a lente embaçada. Eu ofereço ajuda pra ver os números e numa agilidade impressionante enfio meu cartão ali dentro e faço a carteira de couro desaparecer da mesa. Incluindo o ticket do estacionamento. Ele está com frio e ofereço meu cachecol novo. Ele elogia o perfume e continua com frio. Entendo que são duas aberturas para o abraço. O carro chega e a porta dele já está aberta pelo manobrista, a minha eu mesmo abro com dificuldade porque os carros tiram a maior fina do meu corpinho congelado. Morro de vergonha que o carro está com cheiro ruim, pra variar, o manobrista sacaneou. Abro os vidros e não digo nada pra não ser rude. Coloco música baixinha pra gente falar baixinho. Paro na farmácia pra comprar camisinha mas dou a desculpa que é um antigripal qualquer. Ele faz que acredita e espera dentro do carro comportadinho e sorrindo. O cara do caixa quer me lançar um olhar mas na hora tem medo de me encarar. Acendo as velas novas que ganhei. Coloco minha estrela azul na tomada que dá o clima perfeito. O cd novo do Beck. Ele está nervoso, comentando sem parar das minhas fotos e livros e cortinas. Eu faço ele parar de falar finalmente. Depois de tudo, ofereço levá-lo e me faço de ofendida quando ele cogita um taxi. Ele pergunta se pode dormir comigo, eu apenas sorrio e apago a luz. Ele acende a luz e pergunta se pode ligar pra avisar uma pessoa. Ele liga pra mãe, que não gosta muito. Ele volta envergonhado pra cama. Mas eu, educada, finjo que já estou dormindo. No dia seguinte eu ligo pra dar bom dia. Ele me avisa que vai viajar no feriado. Eu pergunto com quem e ele diz que aí já estou querendo saber demais. Ele volta a ser homem. Eu desligo e, aliviada, choro como uma mulherzinha".
Tati Bernardi
Tati Bernardi
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