domingo, 23 de janeiro de 2011

Conselho

Há mais ou menos 12 anos perdi minha melhor amiga de infância: Danielly Patrícia, claro, chamada de Dani. Nossa infância foi regada a aventuras no Colégio Paulino de Brito. Sempre estávamos entre os meninos, na turma do fundão. Ela era a louca, eu a tímida.
Dani tinha uma gargalhada datesca e uma vontade de viver maior ainda. Apesar de fofinha, tinha um charme e uma simpatia inigualáveis que despertava o interesse de uma boa parte da ala masculina do colégio. De alunos a professores Dani ía distribuindo suas proezas e seus beijos. Graças a ela pude passar de ano, pois me emprestava seus livros, algo que nunca pude ter, talvez seja por isso essa minha sede de leitura e consumismo desenfreado de livros. Estudávamos juntas para as provas até altas horas da madrugada, ao som de Débora Blando, New Kids on the Block e outras coisas beem bizarras.
Foi com ela que tive meus primeiros conceitos de amizade: parceria, companheirismo, brigas, fidelidade, sinceridade, diários, festa de 15 anos, primeiro beijo, primeira transa, treinamento para usar salto alto, escolha profissional, primeiro amor, primeiras decepções amorosas, primeira perda...
Nos separamos quando no 2º ano ela foi estudar em uma boa escola particular e eu fui para a escola de governo, nesse hiato conheceu a outra Dani, a Magrela (Danielle Fabini), que se tornou grande amiga até os dias de hoje, mesmo ela morando no Rio e eu aqui.
Um tempo antes da protagonista dessa história partir, nos encontrávamos em Mosqueiro, na barraca de um tio dela na praia do Ariramba, quando uns carinhas pararm (graças às suas piscadelas) para nos fazer companhia. Um deles era meio vidente, meio macumbeiro, meio espírita, meio sei-lá-o-quê e se pôs a ler nossas mãos. Entre tantas coisas que "profetizou" disse o homem que minha amiga morreria cedo e que eu não a veria morta. Nos olhamos assustadas, mas meio descrentes.
Mais ou menos um ano e meio depois eu cheguei do trabalho já de noite e recebi a notícia de sua morte prematura. E em virtude de como aconteceu, seu corpo foi velado e enterrado no mesmo dia, fazendo cumprir as profecias daquele estranho.
Foi horrível perder minha amiga tão cedo, nem preciso dizer.
Hoje lembrei dela assistindo ao programa Esquenta, da Regina Casé, pois ouvi uma música que um dia ofereci a ela na tentativa inútil de lhe dar um conselho. Intensa que era, sempre sofria demasiadamente por amor, pois naquela época os homens já eram um tanto quanto perversos para lidar com nossos famigerados corações apaixonados.

Conselho
(Adilson Bispo e Zé Roberto 0 cantada originalmente por Almir Guineto)

Deixe de lado esse baixo astral
Erga a cabeça enfrente o mal,
Que agindo assim será vital para o seu coração,
É que em cada experiência se aprende uma lição,
Eu já sofri por amar assim me dediquei mais foi tudo em vão,
Pra que se lamentar se em sua vida pode encontrar,
Quem te ame com toda força e amor,
Assim sucumbirá a dor,


(refrão)
Tem que lutar
Não se abater
Só se entregar
A quem te merecer
Não estou dando e nem vendendo
Como o ditado diz
O meu conselho é pra te ver feliz.

E onde estiver, sei que estará modificando a alma de alguém,como modificou a minha, ajudando a construir o meu edifício moral.
Esteja em paz Danielly Patrícia Souza Costa

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