Sempre relutei muito em escrever sobre o assunto. Era tão cruel pra mim achar que tava eternizando uma história que deveria ser apagada dos meus quintais, ainda que nunca tivesse problema algum em contá-la pra quem eu desse a oportunidade de me conhecer. Escrever aqui não será uma forma de torná-la pública já que por aqui poucos passam, mas uma maneira de mostrar esclarecimentos de fatos.
Sempre detestei pessoas com desvios de caráter, personalidade, olhar. Defeitos, ok, afinal, que não os tem? Mas há coisas que não são suportáveis.
Estou lendo um livro que jamais pensei em comprar considerado tratar-se de um "best seller" e eu ter certo preconceito (na verdade dúvida) sobre a qualidade do que alí é narrado. Mas eis que minha vida sempre foi permeada por pessoas um tanto quanto incomuns, por assim dizer. Ok, adquiri recentemente Mentes Perigosas, da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa.
Jamais pensei que me encontraria, ou melhor, encontraria a minha história dentro de um livro que vive a me dizer: "o perigo mora ao lado". Pena ter descoberto isso um pouco tarde.
Eu já sofri tortura psicológica.
Dra. Ana (assim irei chamá-la) me mostrou que eu dormi com o inimigo por quase dois anos. Uma situação que me arrancou o que mais prezo: minha personalidade. É engraçado que essa fase da minha vida que se passou há mais ou menos uns sete anos é como se não tivesse existido. É como se eu tivesse feito parte de um elenco novelesco. Eu nao era eu.
Claro, como qualquer macho alfa no começo ele era um poço de gentileza. Me cobria de elogios, mimos, afagos, dizia que eu era tudo em sua vida. Uma fase em que eu nunca me vi tão perfeita, pois tudo em mim o "encantava", o deixava em estado de êxtase. Eu era "a mulher da sua vida" e, por incrível que pareça eu assim me sentia.
Certa vez fizemos uma viagem em que em um acidente eu quase quebrei a cabeça. Ele enlouqueceu, ligou pra irmã pra que alugasse um helicóptero pra me resgatar já que estávamos há 7 horas de barco de Belém. Mas não foi necessário, eu achei tudo um exagero e fiz o trajeto de volta com a faixa do Daniel San na testa entre canoa, barco, táxi, ônibus carro eo dobro da vieagem.
Com seis meses de namoro resolvemos acordar juntos todos os dias e foi quando o príncipe virou...o psicopata. Sim, eu tive um psicopata em minha vida que me transfrmou das piores formas que um homem pode transformar uma mulher:
O macho alfa se achava o cara mais inteligente do sistema solar e fazia com que eu acreditasse que era burra (bom, mas nessa época fui mesmo). O ciúme começou a se tranformar em doença, em possessão, em obssessão e isso fez com que me obrigasse a mudar completamente meus hábitos:
As saias jeans ficaram na casa da minha mãe. Imagina, saias jeans e curtas como as minhas somente as putas usavam. Foram todas substituídas por saias de tecido abaixo dos joelhos. Maquiagem? Nem pensar! Pra quê se enfeitar pra ir ao trabalho ou à faculdade se o homem a quem interessava minha "beleza" estava em casa. Adeus batons, rímel, blush, sombras e etc., que venha o bom e básico gloss. Mais do que sou, fui aumentado o meu estado de...sem graça, escondida em um rosto e em roupas que nada tinham a ver comigo. Engordei 10kg, afinal, nossos passeios eram sempre para reuniões gastronômicas na família...dele.
Quando saía pra visitar minha mãe em poucos minutos ele ligava e dizia: "vá pra casa, você já não viu sua mãe?". E lá ía eu ou quem quer que habitasse em mim nessa época.
Me afastei dos amigos, que por sua vez também se afastaram de mim. Ninguém o suportava, ninguém me suportava. Apenas a Betinha jamais desistiu de mim mesmo quando ouvia os piores absurdos do mundo do Sr.Psicolouco. Acho que era o único momento em que eu tinha paz.
Com o tempo, as coisas foram se agravando. Descobri que além de tudo, o cara tinha perseguições espirituais e se aproveitava disso pra fazer de mim sua vítima.
Dizia o doente que seus amigos de outros mundo me contavam tudo o que eu fazia antes dele ter "me resgatado" da "vida mundana". E algumas coisas até eram verdade, com riqueza de detalhes queme impressionavam e que eu negava até a morte. Ainda bem...
No começo ele até disfarçava a sua antipatia mas depois de certo tempo não fez mais questão, parecia ter orgulho de ser estúpido e desagradável comigo e com os outros. Doente, fazia-me acretidar que eu deveria cuidar dele "até que a morte nos separasse". E assim eu fazia, principalmente quando ele recebia espíritos que me olhando com ódio me diziam que nós não deveríamos ficar juntos e que eles fariam de tudo pra nos separar (por que esses imbecis não fizeram isso logo???). E depois que partiam eu era obrigada a ver o dia clarear entoando um trecho bíblico para que meu paciente dormisse, mas eu não tinha esse direito.
Ele era frio, estúpido e viva a me dizer empropérios, como seeu fosse a pior das criaturas e ele, apenas um andar abaixo de Deus.
Eu não conseguia sair da relação, pois ele me fazia acreditar em infelicidade, solidão e que jamais alguém iria me querer como ele me quis. E eu acreditava. Estava cega, surda, muda. Eu deixei de ser uma mulher pra me transformar em um hiato de apenas 25anos de idade, sem sonho e sem vontade de viver. Juro, não sabia quando, como, onde aquilo iria parar mas seguia inerte até que Deus cansou de me ver sofrer e enviou uma amante pra vida dele que descobri em um sábado de alforria, às vésperas do dia das mães, mas acho que era dia de Nossa Senhora.
Não preciso contar o episódio de tão terrível que foi. Não, ele não me bateu, mas se o tivesse feito talvez tivesse dóído menos por tudo o que ouvi, mas enfim....estou livre e ele continua sem cura, Dra. Ana me disse que os psicpopatas não têm cura, eles apenas colecionam vítimas.
Existem muitas histórias que vivi com esse cidadão que comprovam a sua psicopatia, mas devo poupar meus poucos e adoráveis leitores disso. Um dia eu precisava registrar e o Mentes Perigosas me ajudou, melhor que isso, está me fazendo mais atenta já que as características descritas pela autora ocorrem em 90% dos casos, ou seja, a qualquer sinal de desvio de conduta eu dou no pé.
Depois desse hiato, eu nunca mais deixei de ser feliz. Eu merecia!
Leiam o livro. Recomendo.