terça-feira, 29 de março de 2011

*Capítulo VII - Assim caminha a humanidade

"A paz do indivíduo é a paz do mundo" (Vítor Ramil)

"...Venho refletindo muito sobre as solidões. Sei que viver é uma experiência individual porque, ainda que participemos de rituais coletivos, festas, danças, crenças, enterros, viver é uma experiência particular, é por dentro de cada um que ela passa, a vida. Prova disso é que, sozinhos, enfrentamos o nascimento e a morte. Estamos diante desses eventos ainda que mais gente coadjuve ou figure no ambiente. Quem nasce e morre é quem sabe. Cada um tem diante dela o seu espanto, o seu jeito de recebê-la, manejá-la, conduzi-la, sonhá-la. Mesmo tendo para muitos tanta importância o par, em especial o par romântico, é fundamental nosso autoconhecimento, nossa conversa particular com a gente mesmo. É isso que faço quando escrevo, por exemplo. Falo para os outros, mas o primeiro destinatário sou eu. Escrevo para trazer notícias de mim a mim e mais uns esclarecimentos sobre os processos humanos que podem servir para mim e para o outro. Mas esse negócio de a gente se dar bem com a gente mesmo, conhecer nossos rascunhos, ter intimidade com os próprios bastidores, nos leva a viver em estado de permanente harmonia em nosso casulo. O que quero dizer é que se o homem está em guerra consigo mesmo, há uma grande probabilidade de ele reproduzir esta guerra com os outros. E o risco é de todos. O bom mesmo é a gente se pegar pela mão e levar para  um bom passeio pela vida da vida, solto no acaso, mas, atento, sonhador, também escrevendo o próprio roteiro. Fiquemos atentos aos nossos cóleras, aos nossos ódios, para que não se tornem remorsos, às nossas raivas para que não se acumulem. São sentimentos que existem, são reais, todos sentimos, mas, pelo tanto que amargam a boca, vê-se logo que não foram feitos para durar. Por isso, dos ingredientes desse enredo, proponho que o AMOR seja, além de protagonista, a mais poderosa liga da mistura".

*Do livro "Parem de Falar Mal a Rotina" da brilhante, maravilhosa, linda e lúcida Elisa Lucinda.

Não preciso dizer mais nada, esse texto é perfeito!

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Olha Clau...