Segundo pesquisas o ser humano utiliza menos de 5% de sua capacidade cerebral. Putz, imagine se usasse mais?! Ultimamente ando pra explodir, parece que cheguei a um ponto em que meu cerébro parece estar em um multiprocessador. Daí chega aquela vontade tacanha de jogar tudo pro ar e uma mochila nas costas e...fui. Necessidade de não pensar em nada, de simplesmente esvaziar a cabeça e dar um tempo até que ela possa se "encher" novamente. Excesso de informação, preocupação, ocupação, compromissos, responsabilidades e tudo o mais que nos é impetrado pela vida adulta, essa que nos faz acreditar que não dá pra viver sem isso, mas que bom mesmo era o tempo em que éramos criança e não nos preocupávamos com nada dessas coisas. Fico imaginando como seria a minha vida se somado a isso tudo tivesse eu constituído família com marido e filhos...
Deveríamos ter um botãozinho pra ligar e desligar a mente. Click e pronto, hoje você não funciona, tá de folga, mas segundo o filme de mesmo título onomatopaico (toma-te1 Tá vendo só?! Coisas da mente) isso não funcionaria direito, não! Ter o controle na mão nem sempre resolve toda a situação. Então eu pergunto: quem está no controle? Você ou tudo o que te enche a cabeça?
As 7h30 o despertador me avisa que o dia vai começar... e a mente se prepara para automaticamente pedir a mão que tenha piedade e coloque a função "soneca" para mais 10 minutinhos. Ok, passados os "irresolvíveis" e míseros minutos eu levanto com aquela vontade de continuar sob o lençol mas antes de desejar isso eu já penso no que vestir, olho o armário com aquela cara de "não tem nada aqui que preste" e pego qualquer bagulho, não quero pensar muito. Ok, tem que passar, afinal, pertenço à classe proletária, depois disso corro para o chuveiro já pensando nas mil coisas a resolver no trabalho. Quando saio do chuveiro corro para minha amiga agenda, que hoje não tem mais uma caixinha de Chiclete que dividi com quem amava, nem aquele copo descartável todo amassado que o mais lindo da rua tomou e eu surrupiei da lixeira logo depois que ele jogou fora, ou aquela papoula amassada que foi presente do último romântico dos litorais desse oceano atlântico. Não, ela tem tudo aquilo que minha cabeça não pode se dar ao luxo de esquecer. Olho o relógio. Será que dá tempo de esticar os cabelos e fazer uma make que preste? Não. Escolha um ou outro baby. Olho o relógio, escolho o que ler no ônibus. Olho o relógio e vejo que tenho que sair imediatamente ou perco o ônibus daquele minuto. Adeus café. Olho o relógio. Ih! Tenho que ligar pra minha amiga que pediu um favor há dias, ou praquela outra que faz aniversário, ou...pro chefe pra dar algum recado. Lá vem o ônibus, pego o vale digital. Droga! Ainda não caíram os créditos, tenho que passar no Passe Fácil. Mas a que horas, meu Deus?! Ok, pego o dinheiro e sento pra ler, mas na metade da leitura sou interrompida pelo chefe que liga e passa um recado que tenho que abrir a bolsa pra pegar caneta e abrir agenda pra anotar pra não esquecer. Engarrafamento. Olho o relógio. Ih, vou ter que ficar até mais tarde. Chego no trabalho e...como cantou Maysa "meu mundo caiu". Lembrar, lembrar, lembrar, fazer, resolver, anotar, calcular, imprimir, subir, descer, ligar, ler emails, responder emails. Como vai minha irmã? Tenho família, tenho que ligar pra ela pra saber do meu bichinho, mas sou interrompida pelo telefone que toca. "Te ligo depois, mana!" Mas quando.... pagar contas, mas antes imprimir boletos. Olho o relógio. Meu Deus, olha o horário do banco. Corre! Saldo insuficiente pras contas. Desce, convence a gerente a transferir dinheiro. Sobe, convence o caixa a não te deixar voltar pro fim da fila: "moço, eu tava aqui com você ainda há pouco, lembra?". Consigo, pago tudo, volto pro trabalho, guardo tudo, volto às tarefas antes interrompidas. Meu Deus, não almocei! Desço correndo, tomo uma vitamina e como um pão com queijo (é mais rápido). Subo, olho o relógio, não sei continuo a fazer as tarefas ou se anoto pra continuar amanhã, não há muito tempo, são sete da noite e "se eu perder esse trem que sai agvora as onze horas, só amanhã de manhã...". "Volto pra casa abatida" e morrendo de fome, não consigo mais ler, mas a mente não para, os pensamentos vêm em velocidade impressionante: a vida, os amigos, a família, a profissão, o futuro, o amor. Preciso resolver a pendência do carro. Preciso decidir se luto por aquela pessoa. Preciso saber se faço ou não o mestrado. Preciso ter dinheiro pra ter um pouco mais de conforto, mas pra isso preciso trabalhar mais um pouco. Preciso ligar pro papai pra saber como ele tá. Preciso cancelar uns cartões. Preciso ler os livros que ainda não li. Preciso estudar. Preciso planejar os próximos anos, mas não tô dando conta nem de planejar este. E dá-lhe cabeça, memória, juízo, mente pra tudo isso. Desço e a mente já me alerta para olhar para os lados, é julho e os donos de nossas coisas querem curtir as férias (o que é isso?), caminho tensa até a porta de casa e dá-lhe mamãe com mais informações: "Filha, marca a minha consulta", "Hoje o teu irmão....", "Amanhã vais receber meu dinheiro...", "Tem janta, esquenta, faz suco...", "Guarda a tua roupa lavada", "Bora ver a novela" - mas ela conversa o tempo inteiro. Janto pra não desapontá-la, afinal, ela passa o dia inteiro só e pensa no que gosto ao cozinhar, mas tô engordando, tenho que marcar com minha amiga a caminhada ou a academia, mas esse mês não dá, a grana tá curta, tenho que cortar algo pra sobrar algunzinho. Penso. Canso. Preciso horizontalizar meu esqueleto (ou meu corpo de skol - redondo), mas antes lembro de algo para amanhã. Agenda. Não consigo mais raciocinar nada.
Click.
Hora de dormir.
Acabou o jornal
Beijo do gordo. Uhmaaaahh!