E depois de um longo pesar, ontem resolvi ligar. Até rimou, mas melhor que ter rimado foi ter essa decisão acertada que rendeu 1 hora e meia de telefone trocando histórias triviais, cordiais, ilegais, delicadamente banais.
Como velhos bons amigos rimos e contamos nosso dia, nossas angústias e alegrias, e creio que nada ficou velado, não houve necessidade nem em prol da boa e velha cordialidade. E foi diferente porque não tinha mais aquele nó na garganta, aquele desconsolo, aqueles porquês. É sempre assim, quando nutrimos expectativas demais, sentimentos demais distorcemos o mais simples, enfeitamos o real, idealizamos justamente o que foge ao ideal, nos decepcionamos as vezes por nossa única culpa.
E ele, talvez seja simplesmente o meu sapato velho. Ele me aquece e...nossa, dessa vez ele não foi irônico e não sei se isso é bom ou ruim, pois lembro bem de suas recomendações quando eu o questionava se não se cansava ser irônico o tempo inteiro e tinha como resposta: "caríssima, preocupe-se quando eu não mais for, só sou com quem gosto e se eu deixar de ser contigo..."
Mas acho que a promessa era tanta que caiu no esquecimento, como a maioria das que fazemos em relação a outras pessoas. Temos a gentil mania de sempre voltar atras, esquecer e perdoar mesmo sem querer, mesmo sem que mereçam e nos desrespeitem. Enfim, o fato é que ter resistido à tentação me fez bem, me fez mais leve já que tirei o peso de uma promessa desnecessária de não mais procurá-lo, como se fosse fácil me livrar daqueles olhinhos pequenos que se comprimem sempre que os óculos são retirados, daquele vocativo gentil, do papo envolto em intelectualismo, ironia, preocupação, genltileza.
Imagina..
Imagina...
Me sinto inteira, me sinto em paz.
Simples assim.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
sábado, 28 de janeiro de 2012
Na Natureza Selvagem
Há alguns alguns anos, em meio a uma conversa trivial, me perguntaram se eu ja havia assistido "Na natureza selvagem". Desconhecia, mas o meu informante enfatizou tanto seu prazer e predileção pelo filme que nao me saiu da cabeça. Domingo passado estava na casa de uma cinéfila e não sei porque argas d'água lembrei do filme e perguntei sem querer se ela tinha o filme. Imprestou-me imediatamente e tratei de assitir.
O filme fala de renúncia, de abdicação, de ideologia pura, da crença em um mundo repleto de hipocrizias efalsos moralismos. Basedo em fatos reais o protagonista, a princípio bem nascido e cansado do mundo e ciclo em que vive decide largar tudo, doar seus bens, dinheiro, queimar o carro e partir sem um único centavo no bolso pra viver no alto de uma montanha selvagem. Faz tudo isso sem comunicado ou bilhete de despedida e para cumprir seu objetivo passa por várias intenpéries no caminho. Antes estuda especie de plantas, conhecimento de caça e, simplesmente, vai! Assim, pouco se importando com o que deixaria para trás. Desprendimento e determinismo puros!
Enquanto vive seu isolamento escreve um diário contando seus dias de foda-se-o-mundo e paralelamente a isso a irmã escreve suas história e depois de algum tempo, sem sabe ro paradeiro do seu irmão conlui: "Não sei porquê escrevo a história dele. Ele já está fazendo isso a seu modo. Ele escreveu, não eu".
E durante o decorrer do filme você descobre o motivo que o faz tomar essa atitude, a meu ver, nada mais que aventureira e egoísta. Foi o que consegui depreender, posso até estar enganada. Ainda que de vez em quando tenhamos aquela vontade de madar tudo pro espaço, só um louco baeia-se no extremismo pra ir tão fundo. Ele foi. E foi pra concluir o óbvio:
"A felicidade só é verdadeira quando commpartilhada"
Assistam e tirem suas conclusões, revelem suas opiniões.
Indico. Vale muito a pena.
O filme fala de renúncia, de abdicação, de ideologia pura, da crença em um mundo repleto de hipocrizias efalsos moralismos. Basedo em fatos reais o protagonista, a princípio bem nascido e cansado do mundo e ciclo em que vive decide largar tudo, doar seus bens, dinheiro, queimar o carro e partir sem um único centavo no bolso pra viver no alto de uma montanha selvagem. Faz tudo isso sem comunicado ou bilhete de despedida e para cumprir seu objetivo passa por várias intenpéries no caminho. Antes estuda especie de plantas, conhecimento de caça e, simplesmente, vai! Assim, pouco se importando com o que deixaria para trás. Desprendimento e determinismo puros!
Enquanto vive seu isolamento escreve um diário contando seus dias de foda-se-o-mundo e paralelamente a isso a irmã escreve suas história e depois de algum tempo, sem sabe ro paradeiro do seu irmão conlui: "Não sei porquê escrevo a história dele. Ele já está fazendo isso a seu modo. Ele escreveu, não eu".
E durante o decorrer do filme você descobre o motivo que o faz tomar essa atitude, a meu ver, nada mais que aventureira e egoísta. Foi o que consegui depreender, posso até estar enganada. Ainda que de vez em quando tenhamos aquela vontade de madar tudo pro espaço, só um louco baeia-se no extremismo pra ir tão fundo. Ele foi. E foi pra concluir o óbvio:
"A felicidade só é verdadeira quando commpartilhada"
Assistam e tirem suas conclusões, revelem suas opiniões.
Indico. Vale muito a pena.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Sobre a indelicadeza da morte
Não há nada mais indelicado do que esta senhora que tanto nos amedronta. Sorrateira, nunca avisa quando chega, quando chagará. Passeia entre nossa certeza (de que um dia virá) e nossa incerteza (não se sabe quando irá nos "brindar"). Que chega é certo, e esse papo de nos prepararmos, estarmos prontos pra ela é balela pra trouxa, pra psicólogos e psiquiatras mais interessados nos eufemismos que ela não se esforça em ofertar.
É a morte, a temida, a terrível, a mais indelicada de todas as criatura, que nem em nossos auges depressivos, kamikazes ou heróicos gostaríamos de encará-la. É o pior ladrão a nos apontar suas armas. É o pior felino a nos ameaçar com suas garras. É o inimigo mais perverso a nos enganar, mentir e invejar nossa vida. Ela nos sequestra sem resgate. Ela decide.
Por que falar em morte a essa altura?
É que hoje fui visitar um amigo que há uma semana perdeu a mãe pra um ataque fulminante. Antes de ir trabalhar dividiram um café. Ela queixou-se de uma dor no braço: "nada demais, meu filho". Aquele mesmo braço que há um ano foi deslocado pelo infortúnio de uma queda. Cria-se em dores consequentes desse vacilo das pernas. As dores aumentaram e em pouco tempo o sorriso dela se apagou e surgiu na terra mais um órfão de mãe.
Você que ainda tem a sua consegue imaginar isso? Não, nem em seus sonhos mais obscuros você não teria essa coragem de imaginar-se órfão.
Hoje, com um semblante aparentemente calmo (aparentemente), ele me contou em detalhes do ritual que começou com o abrir o armário e escolher o último traje; desembrulhá-la do lençol que envolvia seu corpo inerte quando chegou ao hospital, vesti-la, colocá-la dentro daquele objeto em madeira que a levaria pra sempre de seus braços. Depois passar uma noite inteira velando seu corpo sem vida, sob olhares curiosos, penosos, condescendentes, tristes e cumprimentos e palavras que nada dizem. Não há o que dizer. Entendam. A morte nos causa impotência, mudez, nos deixa sem graça.
E ele continuou contando que depois da despedida restam as burocracias humanas: atestados, cancelamentos, requerimentos, entradas e todo um processo organizacional pra que as coisas caminhem sem ela. É como o antigo ato de rebobinar uma fita. Recomeçar, recontar, reviver, reiventar novos acordares, almoços sem ela. E o pior de tudo, trabalhar como se nada tivesse acontecido, afinal, o mundo não parou de girar por causa disso, ele (o mundo) apenas não entendeu a orfandade de uma amor que não se terá nunca outro igual. Não entende o que é um revés de um parto, o pior tormento.
Não há eufemismo: é horrível, é ultrajante, é indecente, indelicado, insuportável, cruel.
Eu apenas o ouvi.
Não há o que dizer além de: "estou aqui", pra sabe-se lá o que.
Não há consolo. Talvez seja o ato mais solitário do mundo tentar voltar ao eixo depois de vivenciar uma perda definitiva. Tentar viver mesmo sem quem lhe deu a vida.
Só Deus nos põe nos braços nessa hora, nos consola, nos conforta e tenta nos fazer entender que nossa vida a Ele pertence. Ele nos dá, Ele decide a hora de nos levar.
Meu amigo vai ficar melhor, eu sei. Ele é um ser humano maravilhos e merce as bênçãos que recebe. Há de receber muito mais mesmo acompanhado da saudade que vai insistir, vai permanecer e incomodar quando for mais forte. E a morte, essa estúpida, irá nos visitar de alguma forma, como vistou há uma semana a família do meu amigo. E vai continuar desatando laços, cortando em definitivo nossos cordões umbilicais, nos fazendo sofrer. E a gente não precisa aprender a lidar com isso simplesmente porque não há receita, nem fórmulas. Cada um, a sua maneira é que saberá como lidar com isso. Como encarar o fim.
É a morte, a temida, a terrível, a mais indelicada de todas as criatura, que nem em nossos auges depressivos, kamikazes ou heróicos gostaríamos de encará-la. É o pior ladrão a nos apontar suas armas. É o pior felino a nos ameaçar com suas garras. É o inimigo mais perverso a nos enganar, mentir e invejar nossa vida. Ela nos sequestra sem resgate. Ela decide.
Por que falar em morte a essa altura?
É que hoje fui visitar um amigo que há uma semana perdeu a mãe pra um ataque fulminante. Antes de ir trabalhar dividiram um café. Ela queixou-se de uma dor no braço: "nada demais, meu filho". Aquele mesmo braço que há um ano foi deslocado pelo infortúnio de uma queda. Cria-se em dores consequentes desse vacilo das pernas. As dores aumentaram e em pouco tempo o sorriso dela se apagou e surgiu na terra mais um órfão de mãe.
Você que ainda tem a sua consegue imaginar isso? Não, nem em seus sonhos mais obscuros você não teria essa coragem de imaginar-se órfão.
Hoje, com um semblante aparentemente calmo (aparentemente), ele me contou em detalhes do ritual que começou com o abrir o armário e escolher o último traje; desembrulhá-la do lençol que envolvia seu corpo inerte quando chegou ao hospital, vesti-la, colocá-la dentro daquele objeto em madeira que a levaria pra sempre de seus braços. Depois passar uma noite inteira velando seu corpo sem vida, sob olhares curiosos, penosos, condescendentes, tristes e cumprimentos e palavras que nada dizem. Não há o que dizer. Entendam. A morte nos causa impotência, mudez, nos deixa sem graça.
E ele continuou contando que depois da despedida restam as burocracias humanas: atestados, cancelamentos, requerimentos, entradas e todo um processo organizacional pra que as coisas caminhem sem ela. É como o antigo ato de rebobinar uma fita. Recomeçar, recontar, reviver, reiventar novos acordares, almoços sem ela. E o pior de tudo, trabalhar como se nada tivesse acontecido, afinal, o mundo não parou de girar por causa disso, ele (o mundo) apenas não entendeu a orfandade de uma amor que não se terá nunca outro igual. Não entende o que é um revés de um parto, o pior tormento.
Não há eufemismo: é horrível, é ultrajante, é indecente, indelicado, insuportável, cruel.
Eu apenas o ouvi.
Não há o que dizer além de: "estou aqui", pra sabe-se lá o que.
Não há consolo. Talvez seja o ato mais solitário do mundo tentar voltar ao eixo depois de vivenciar uma perda definitiva. Tentar viver mesmo sem quem lhe deu a vida.
Só Deus nos põe nos braços nessa hora, nos consola, nos conforta e tenta nos fazer entender que nossa vida a Ele pertence. Ele nos dá, Ele decide a hora de nos levar.
Meu amigo vai ficar melhor, eu sei. Ele é um ser humano maravilhos e merce as bênçãos que recebe. Há de receber muito mais mesmo acompanhado da saudade que vai insistir, vai permanecer e incomodar quando for mais forte. E a morte, essa estúpida, irá nos visitar de alguma forma, como vistou há uma semana a família do meu amigo. E vai continuar desatando laços, cortando em definitivo nossos cordões umbilicais, nos fazendo sofrer. E a gente não precisa aprender a lidar com isso simplesmente porque não há receita, nem fórmulas. Cada um, a sua maneira é que saberá como lidar com isso. Como encarar o fim.
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
"Nos raros e vastos instantes em que consigo experimentar a liberdade da ausência de expectativas, costumo receber melhor o presente. Um bocado de vezes, recebo o presente melhor. Enquanto eu o desembrulho, percebo, em geral um tanto surpresa, que não preciso necessariamente que algo mude para eu ser feliz porque já sou. Apesares, pesares, incluídos.
É claro que os acréscimos são muito bem-vindos."
[Ana Jácomo]
É claro que os acréscimos são muito bem-vindos."
[Ana Jácomo]
Retornar
Estive afastada deste meu cantinho. Por falta de internet, além da do celular, e de otras cositas más. Entre as principais: a inspiração. Parece que tem uma hora que a nossa mente simplesmente esvazia pra que possamos enchê-la de outras coisas. Assim o fiz.
Andei à cata de respostas e de lógicas pra coisas que vejo e que não me agradam.
Andei querendo agradecer mas parecia só ter motivos pra discordar.
Andei por muitos lugares sem sair daqui de dentro, de onde as coisas me parecem absurdas, incautas, incultas.
Evitei a escrita, afoguei-me em pensamentos solitários e irreveláveis. Segredos meus compartilhados com o silêncio das noites em que me vi "longe demais das capitais" para evitar a fadiga. Senti perfeitamente o quanto o silêncio é ouro. As vezes falamos demais e não dizemos sequer uma palavra. Percebi que Renato Russo nunca foi tão assertivo ao dizer que há pessoas que falam demais por não ter nada a dizer. E dizem por dizer. E sorriem por sorrir. E encaram suas falsas verdades tão fielmente que findam por crerem em suas ideologias (do mundo das idéias mesmo, do impalpável) como verdade absoluta.
Então voltei pra continuar a olhar nos olhos quando for dizer que amo ou que isso não faz parte do meu show. Pra fazer novas escolhas e reforçar as coisas já escolhidas; pra retomar aquilo que me pertence, aquilo que gosto, que me faz bem, que me faz falta.
As vezes é necessário escapar de nossas rotinas e nos render ao cansaço daqueles olhos que nada nos dizem; das mãos que pouco nos tocam; dos corações que não se aquebrantam; das bocas que nos enganam; das setas que só apontam os descaminhos; das canetas que só marcam nossos defeitos; dos olfatos que ignoram nossas qualidades ou isso tudo em outra ordem.
Retorno em paz, aquela que tanto aprecio e pela qual pago todos os preços.
Melhor, retorno a este cantinho onde me aconchego.
Beijos.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Há muito tô querendo postar essa poesia que me encantou desde o primeiro encontro. Ela foi publicada oficialmente no Facebook de Renato Torres, um amigo, cantor, poeta que conheci nos meus dourados anos de CENTUR (aquela Casa liiinda) e achei-a perfeita para o primeiro post do novo ano!
Os novos anos serão felizes
Se aos matizes ínfimos do primeiro dia
Jurares a alegria de um amigo fiel,
A cor do céu, e tudo o que ela tem a dizer,
A companhia de ser quem você é,
homem ou mulher, bicho e planta.
Haverá nesse dia algo em ti que canta,
que sente saudade
E quando chegar a tarde, um cadinho
De sonho despontará distraído de tua
testa,
E a festa de veres seguirá irreprimível,
porque aí será que o impossível e o
fantasmático se farão
Constantes e naturais, como a luz e o
canto dos pássaros
E, finalmente, passará aquela dor
obstinada, brotará o perdão adivinhado,
nada mais a temer sob a fúria
tempestuosa de raio e trovão.
Restará teu coração inteiro, novamente
menino, o pequeno esboço de um
jardim vindouro
O alforje de couro macio que atravessa
o vazio da incompreensão,
O frio dos desdizeres, e o arrepio dos
abismos da existência
Apenas com sua ciência benfazeja de
urdir afetos usando água e ar
Na peleja de sempre, e sempre,
recomeçar.
(Renato Torres)
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