sexta-feira, 23 de abril de 2010

É presciso sensatez

Não, este não será um de meus melhores textos. Muito menos "entendível". Mas é sensato.
Há momentos nas nossas vidas, que o que vale mesmo é seguir nossa intuição, que não sei por qual motivo, eu sempre atrelo à razão.
É abrir mão.
Por motivos tão óbvios que me assustam e me tiram de rotas de colisão necessárias, para me levar a caminhos que não gostaria de ter de percorrer, mas sou obrigada. E essa obrigação lembra-me os caranguejos com seus passos laterais, pra lugar nenhum. Um balé horizontal que nos escondem as forças e nos colocam de frente com a razão, essa mimnha sempre companheira.
E quando ouso, ah, quando ouso mudar esses passos...um fardo enorme me acompanha. Um fardo daqueles que sei o quanto me custa carregar, mas que por medo de um julgamento que, sabe Deus lá de onde virá, não tiro das costas.
São escolhas mesmas, daquelas que tanto faz o tiro, o resultado provocará o mesmo sentimento de impotência. Como se você não tivesse o controle por sua própria vida, por suas próprias escolhas, porque a linha de chegada está localizada no mesmo ponto de tua consciência, não importa o caminho que você percorra ou de que forma você percorra.
O resultado é sofrimento, o alívio não vem, nem se aproxima. Fica lá feito um carrasco a lhe apontar o indicador e dizer: "eu bem que te avisei". E aquela sensação imbecíl de: "pelo menos eu tentei", de nada te serve.
Fato consumado.
E o tempo?
Não importa, porque ele também não para como também o mundo não para de girar pra que você conserte o que você acha que tem pra consertar.
Então a dúvida: "o que fazer?"
Não sei, se soubesse, esse texto não estaria escrito.
Mas a consciência, ah, a consciência! Mais que o tempo, é a senhora de todas as coisas. Por isso, é preciso sensatez!

Claudiana

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sobre a inveja...


"Os homens de mérito não precisam cuidar da sua fama; a inveja dos tolos e dos petulantes se encarrega de propagá-la."
(Cándido Nocegal y Rodríguez de la Flor)

Veja bem, meu bem, como anda sua vida? Eu disse, a sua, porque a dos outros a eles importa.
Creio que inveja tem muito de intromissão na vida alheia. Tem muito de ficar aos quatro cantos blasfemando (e bostejando) contra pessoas que, geralmente, estão nem aí pro tal do invejoso (normalmente in-ve-jo-sa).
Incrivelmente, mesmo não me achando o supra sumo de nada, fui e sou vítima dos maledicentes. Conversava outro dia sobre isso com uma amiga, porque nos descobrimos invejosas.
Com todo o tom pejorativo que o termo e ação em si denotam, percebemos que bem lá no fundo há uma inveja que não é maléfica. Dirão: mas qual? Eu explico.
Como linguistas, eu e minha amiga temos admiração profunda por alguns autores dos quais devoramos bibliografias. E ela me contava que uma doutora em nossa área, professora da mangueirosa, esteve participando de uma Seminário em São Paulo e depois foi convidada pelo prórpio Sirio Possenti (linguísta) para tomar um chopp. E nós nos roemos.
Outra. Contou ela também que um de seus professores do mestrado é doutor em análise do discurso desde os 28 anos de idade, além de ser amigo pessoal de João Wanderley Geraldi (também linguísta). E nós nos roemos, de nooovo. Mas junto com toda essa "roeção" veio o impulso, o desejo: "um dia estaremos lá". E essa "roeção" não foi nada que nos tirasse o sono ou nos desse brotoejas. Eu diria até que se trata de admiração em excesso. Daí percebemos que, neste caso, não houve maldade em invejar, mas um desejo explícito em chegar lá.
Agora perceba, nossos nomes andam rolando à boca miúda pelos motivos mais fúteis do mundo, uma inveja sem precedentes nem motivos, pois o que fazemos (eu e minha amiga) é estudar para chegar a degraus mais altos de sabedoria daquilo que apreciamos, daquilo que amamos. Daí nos perguntamos? Como, meu Deus, invejam nossas pessoas se nem sequer apreciam o pensar, o estudar, o progredir intelectualmente?
O MEC pode comprovar isso. O Lattes, idem.
Admitiríamos a inveja se nela houvesse lógica. Quem sabe até não nos uniríamos para dar apoio e forças pra que subissem seus degraus com suas próprias pernas. Mas não dá. Suas línguas pesam demais. Atrapalham demais. Reclamam demais.
Elas tropeçam. Elas sempre caem, seja em contradição ou puramente com a cara no chão.
Enquanto isso... rimos à beça, tomamos uns choppes, fazemos compras, amigos novos, estudamos, cuidamos de nossas vidas. Afinal, temos ocupações e preocupações que nos enchem o tempo, este senhor da vida que vive a nos dizer: "Não se esqueça de mim, não se perca de mim, não desapareça".
E mesmo com toda essa consumação de tempo, ainda o temos para dedicar uma prece aos maus invejosos. Mas é somente isso que podemos fazer, o resto é com os Bocages.
Pra quem acredita, vale uma figa, uma pimenta vermelha, um olho grego etc. etc. etc.

Beijinhos letrados.

Clau

domingo, 11 de abril de 2010

Como diz minha amada Martha Medeiros: "O tempo não cura tudo, aliás, o tempo não cura nada, ele apenas tira do nosso foco de atenção algo que nos incomoda. Mas fica lá no nosso quintal e, de vez em quando, a gente visita e se sente mal."

sábado, 10 de abril de 2010

Como permitir???


Se ficou impresso no lençol o desenho do teu corpo.
Se as roupas de cama ainda estão marcadas.
Se o teu cheiro ainda está entranhado no meu nariz.
Se ainda há impressões digitais tuas em meu corpo.
Se ainda sinto o gosto do teu beijo.
Se o amor, amor, não morreu.
Se ainda sou tua amora.
Se minha estante denuncia a espera de um livro com páginas em branco, sem teu nome, sem tua dedicatória.
Se mandei as rimas às favas, o orgulho também.
Se o amor não teve tempo de ser gasto.
Se ainda durmo esperando que meu telefone toque, ou o interfone.
Se ainda há uma toalha a tua espera.
Se não me importo com o joelho que descasca,
com o dedo que corta,
O pé que rasga.
Mas me importo com o coração que sangra e chama teu nome a toda hora,
clamando por justiça.
Sofrendo tua ausência.
Que doía quando estavas aqui.
Imagine agora?
Agora é só um vazio teimoso, insistente, impiedoso.
Como permitir???
Se meus olhos murcharam.
Se meu sorisso amarelou.
Se meu peito apertou.
E o coração sangra.
Me diz???!!!!
Como é ser feliz???!!!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Eu, modo de usar (Martha Medeiros)

Pode invadir
Ou chegar com indelicadeza,
Mas não tão devagar que me faça dormir.
Não grite comigo, tenho o péssimo habito de revidar...

Toque muito em mim
Principalmente nos cabelos
E minta sobre a nocauteante beleza.

tenha vida própria,
Me faça sentir saudades,
Conte algumas coisas que me fazem rir...
Viaje antes de me conhecer,
Sofra antes de mim para reconhecer-me...
Acredite nas verdades que digo
E também nas mentiras, elas serão raras
e sempre por uma boa causa.

Respeite meu choro,
Me deixe sozinha,
Só volte quando eu chamar e,
Não me obedeça sempre
que eu também gosto de ser contrariada
Então fique comigo quando eu chorar, combinado?

Me conte seus segredos...
Me faça massagem nas costas
Não fume,
Beba,
Chore,
eleja algumas contravenções.
Me rapte!
se nada disso funcionar...

Experimente me amar!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Crise dos 7 anos.



No tempo em que eu era neném, não tinha talco e mamãe passava açúcar em mim falava-se com pesar sobre a tal crise dos sete anos...



"Casaram e viveram felizes para sempre, mas com sete anos de casados tiveram 'aquela' famosa crise e foi cada um pra o seu lado. Eles, inclusive, já tinham 5 filhos que ela se esforçou para criar durante o tempo da separação. Mas o amor sempre fala mais alto. As famílias sempre interferem e o que parecia ser o fim de um casamento transformou-se na reafirmação dos sentimentos, afinal, tinham cinco filhos e, aquela altura do campeonado não era mais prudente uma separação. No mais, ele sempre fora uma homem trabalhador e ela uma excelente dona de casa".



Para! Para! Para!

Naquele tempo era assim, hoje o discurso é bem outro. Os relacionamentos duradouros têm o costume de cair em meio ao vão, e a tal crise dos sete anos se transformou em crise dos sete meses, sete semanas, sete dias. Não há mais receitas; raramente há filhos em número maior que dois; as mulheres já não são mais donas do lar, cuidam de suas vidas e, dos filhos, quem cuida são as babás e a educação base ficou por conta da escola. Não há mais tempo pra essas "bobagens" de cuidados com maridos e filhos, graças ao sistema capitalista latente e literalmente desgovernado. Mas não vamos falar sobre isso.

Prevalecem nas relações a intolerância, o egoísmo, a auto afirmação e, claro, a velocidade:

- Oi Yasmim, como vai o Felipe Henrique?
- Quem, o finado? Esse já era. Pegava muito no meu pé. Queria sair na sexta com minhas amigas pra uma noitada e ele ligava toda hora. Que saco! Agora tô namorando uma médico, Dr. Patrick Charaudeau, tem uma semana, mas já num tô gostando de umas coisas, ele tem pé chato e gosta de Calypso...



Para! Para! Para!



Fica só, é a melhor solução. Ou será que ninguém te contou que as pessoas têm defeitos? Têm e muitos, mas há de terem qualidades também. Vai com calma...


Sabemos dos muitos, vários fatores que hoje impedem a maior durabilidade dos relacionamentos, mas se você estiver com alguém de quem sente saudade, sente carinho, respeita. Quando chegar essa crise de dias dê uma trégua. Conte até dez, onze, doze, trinta, cem, mil e se esforce pra que o brilho nos olhos não se apague com o pôr do sol do primeiro final de semana juntos.


No mais, se não der certo, você pode ao menos dizer que tentou, que foi feliz enquanto durou e, pode ainda não carregar nas costas o peso da responsabilidade por ter sido injusta com você e com o outro.

Não que isso signifique voltar aos tempos áureos de nossos antepassados, afinal, a modernidade tá aí pra nos modificar, mas que tal crer que pode ser menos fulgaz?



Clau Soares