Ei, aquele talco líquido vai vencer.
A saudade vai me vencer.
E nós perdemos.
Acostumar com tua ausência está longe de significar te esquecer.
O pior é saber que consigo.
Era tão bom...
Agora tudo é estranho.
É estranho ter que te olhar e te tratar como se nunca tívessemos estado juntos.
É estranho te ver passar por mim sem ficar, nem que seja por um minuto.
É estranho sentir teu cheiro de longe.
É estranho esse nó na garganta.
É estranho não mais te perderes entre três ou quatro portas até a minha.
É estranho o sono que vem cedo todos os dias.
É estranha a recusa em ouvir "Tigermilk".
É estranho te olhar e não ver mais nada em teu olhar.
É estranha a certeza de que pra ti tanto fez ou tanto faz.
É mais estranho ainda lembrar de te ouvir dizer "eu te amo" e perceber que foi fato inventado, porque não creio em amor que tão rápido se esvai.
Juro, adoraria que me tivesses feito um mal daqueles que não se perdoa.
Seria mais fácil.
Mas, não! Ainda és aquele mesmo ser que se admira.
Tá bom, aceito.
Desejo que sejas feliz. Isso já sabes.
Fica com Deus.
Adeus.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
É Tempo de Pós-Amor*
Cansei de amor! Quantos filmes, entrevistas, artigos, livros sobre amor cruzaram seu caminho ultimamente? Em uma semana, assisti a um vídeo, vi um filme, li meio livro e participei de um debate na televisão. Tudo sobre amor. E ouvi as pessoas - provavelmente também eu própria - dizerem coisas pertinentes e bem ditas que, de tão pertinentes e repetidas, já se tornaram chavões comportamentais, e parecem fichas de computador dissecadas de qualquer verdade emocional. E de repente está me dando uma urticária na alma, um desconforto interno que em tudo se assemelha a indigestão.
Estamos fazendo com o amor o que já fizemos com o sexo. Na década passada parecia que tínhamos reinventado o sexo. Não se pensava, não se falava, não se praticava outro assunto. Toda a nossa energia pensante, todo o nosso esforço vital pareceia concentrado na imensa cama que erguíamos como única justificativa da exist~encia humana. Transformamos o sexo em verdade. Adoramos um novo bezerro de ouro.
MAs o ouro dos bezerros modernos é de liga baixa, que logo se consome na voracidade mass media. O sexo não nos deu tudo o que dele esperávamos, porque dele esperávamos tudo. E logo a sociedade começou a olhar em volta, à procura de um outro objeto de adoração. Destronando o sexo, partiu-se para a grande festa da coroação do amor.
Agora, aqui estamos nós, falando pelos cotovelos, analisando, procurando, destrinchando. E desgastando. Antes, quando eu pensava numa conversa séria, direita, com a pessoa que se ama, sabia a que me referia. Mas agora, quando ouço dizer que "o diálogo é fundamental para a manutenção dos espaços", não sei o que isso quer dizer, ou melhor, sei que isso não quer dizer mais nada. Antes, quando eu pensava ou dizia que amr é fundamental, tinha a exata noção da diferença entre o fundamental e o absoluto. Mas agora, quando eu ouço repetido de norte a sul, como num gigantesco eco, que "a vida sem amor não tem sentido", fico com a impressão de estar ouvindo um slogan publicitário e me retraio porque sei que estão querendo me impor um produto.
A vida sem amor pode fazer sentido, e muito. É bom que a gente recomece a dizer isso. Mesmo porque há milhões de pessoas sem amor, que viveriam bem mais felizes se de repente a voz geral não lhes buzinasse nos ouvidos que isso é impossível. O mundo só andou geometricamente aos pares na Arca de Noé. Fora isso, anda emparelhado quem pode, quando pode. E Noé. Fora Disso, anda emparelhado quem pode, quando pode. E o resto espera uma chance, sem nem por isso viver na escuridão.
Antes que se frustrem as expectativas, como aconteceu com o sexo, seria prudente descarregar o amor, tirar-lhe dos ombros a responsabilidade. Ele não pode nos dar tudo. Nada pode nos dar tudo. Porque o tudo não existe. O que existe são parcelas, que, eternamente somadas e subtraídas, mutiplicadas e divididas, nos aproximam e afastam do tudo. E a matemática dessas parcelas pode ser surpreendente: quando, como está acontecendo agora, tentamos agrupá-las todas em cima de uma única parcela - o amor - , elas nãose somam, pelo contrário, se fracionam, causando o esfacelamento da parcela-suporte.
Amor criativo é ótimo, dizem todos. E é verdade. Mas melhor ainda é pegar uma parte da criatividade que está concentrada no amor, e jogá-la na vida. Solta, ela terá possibilidades de contaminar o cotidiano, premear a vida toda e voltar a abastecer o amor, sem deixar-se absorver e esgotar por ele. Dedicar-se à relação é importante, dizem todos. E é verdade. MAs qualquer um de nós tem inúmeras relações, de amizade, vizinhança, sociais, e anda me parecendo que concentrar toda a dedicação na relação amorosa pode custar o empobrecimento das outras.
Sim, mo amor é ótimo. Porém, acho que vai ficar muito melhor quando sair do foco dos refletores e passar a ser vivido com mais naturalidade. Quando readquirirmos a noção de que não é mais vital do que comer e banhar o corpo em água fria nem mais tranquilizador do que ter amigos e estar bem com a própria cara. Quando aceitarmos que não é o sal da terra, simplesmente porque a terra é seu próprio sal, e é ela que dá sabor ao amor.
Marina Colasanti
* Esse texto foi reencontrado em um livro que emprestei e me devolveram hoje. è um texto que adoro, concordo e me identifico, porque o que me parece é que para mim é sempre tempo de pós-amor.
quarta-feira, 26 de maio de 2010
De pacientes a pacientes
Há um grande hospital.
Por ele e por suas ruas adjacentes transitam milhares de pessoas diariamente.
No hospital a busca por socorro, nas ruas o grito de socorro.
Este movimento todo gera o famoso “prato cheio” dos meliantes.
Refiro-me as adjacências do Hospital Saúde da Mulher, em especial a Trav. Humaitá, entre as Avenidas Duque de Caxias e Visconde de Inhaúma, que cresce em número de assaltos e roubos de carros, proporcionalmente ao crescimento do hospital e do número de pessoas que por ali transitam.
Em tempos em que o Methiolate ardia eu era feliz e não sabia, pois podiamos colocar cadeiras nas calçadas e trocar um dedo de prosa. Hoje não! Hoje ficamos sobressaltados, entramos e saímos de nossas casas com o mesmo rigor (eu diria até primor) que ladrões conseguem escapar da polícia, como um certo meliante que por lá reside e que aparenta Frankstein de tanta facada, tiro e porrada que já levou por conta de suas atrocidades, mas continua a fazer suas vítimas.
Trata-se de um apelo.
Sei de todos os esforços empreendidos pela polícia para melhorar a segurança pública, mas a rua que era minha e que eu mandei ladrilhar com pedrinhas de brilhante, hoje causa pavor. Os assaltos a mão armada são diários e os roubos de veículos tem média de 4 por semana. Isso não é certo! É atentado sobre o direito de ir e vir.
Por esse justo motivo, ficaria feliz se as autoridades policiais passassem mais vezes por aquelas paragens e, com isso, quem sabe não reduziríamos o número de sustos e traumas que obrigam, muitas vezes, cidadãos de bem a retornarem à Unidade de Emergência para, ao invés de fazer visitas, realizar uma consulta de urgência.
Fica o apelo!
Por ele e por suas ruas adjacentes transitam milhares de pessoas diariamente.
No hospital a busca por socorro, nas ruas o grito de socorro.
Este movimento todo gera o famoso “prato cheio” dos meliantes.
Refiro-me as adjacências do Hospital Saúde da Mulher, em especial a Trav. Humaitá, entre as Avenidas Duque de Caxias e Visconde de Inhaúma, que cresce em número de assaltos e roubos de carros, proporcionalmente ao crescimento do hospital e do número de pessoas que por ali transitam.
Em tempos em que o Methiolate ardia eu era feliz e não sabia, pois podiamos colocar cadeiras nas calçadas e trocar um dedo de prosa. Hoje não! Hoje ficamos sobressaltados, entramos e saímos de nossas casas com o mesmo rigor (eu diria até primor) que ladrões conseguem escapar da polícia, como um certo meliante que por lá reside e que aparenta Frankstein de tanta facada, tiro e porrada que já levou por conta de suas atrocidades, mas continua a fazer suas vítimas.
Trata-se de um apelo.
Sei de todos os esforços empreendidos pela polícia para melhorar a segurança pública, mas a rua que era minha e que eu mandei ladrilhar com pedrinhas de brilhante, hoje causa pavor. Os assaltos a mão armada são diários e os roubos de veículos tem média de 4 por semana. Isso não é certo! É atentado sobre o direito de ir e vir.
Por esse justo motivo, ficaria feliz se as autoridades policiais passassem mais vezes por aquelas paragens e, com isso, quem sabe não reduziríamos o número de sustos e traumas que obrigam, muitas vezes, cidadãos de bem a retornarem à Unidade de Emergência para, ao invés de fazer visitas, realizar uma consulta de urgência.
Fica o apelo!
quinta-feira, 13 de maio de 2010
O sentido da vida
Parem todos os sentimentos, todas as emoções vividas, todos os olhares, todos os despertares, todo o rancor, amor, ódio, fadiga, desprezos e paixões.
Parem tudo o que me construiu até agora, o que me fez ser quem sou.
Renasci.
Tudo isso já não faz mais sentido. Foi-se.
Conversei com Deus firmemente e vociferei: "Não pode! Não fizemos nada de muito grave pra isso! É cedo! Ainda não pudemos desfrutar de todo amor que essa presença tão iluminada tem a nos oferecer! Não pode, Senhor!"
E como SEMPRE, Ele me ouviu e entendeu meu desespero na voz e no coração. Ele sabia exatamente o que eu precisava entender. E entendi.
Entendi o verdadeiro sentido na vida.
Entendi que o único sentimento que me importou até hoje foi aquele que senti há 5 dias. Um sentimento que não descrevo porque nem todo o conhecimento do mundo me permite decrever, mas sei o que me fez sentir, o que mudou em mim depois que olhei a pior cena da minha vida: meu anjo em um leito molhado, quase sem sangue nas veias, com um tubo que entrava em suas narinas para ajudá-la na tarefa que eu fazia com a maior facilidade, tinha ainda drogas sendo injetadas em suas veias para que pudesse ficar com a gente.
A partir de então pude finalmente compreender, que é o amor incondicional que vem do sangue que move tudo o que sou.
Não, eu não imaginaria minha vida sem minha estrelinha e por isso, vejo que tudo é pequeno, é miúdo diante da responsabilidade de amar e cuidar das pessoas que me ajudaram a construir o meu edifício moral e afetivo e que me mantém viva. Que daria todo sangue do meu corpo e toda aminha alma se preciso fosse, para que ela continue vivendo, pra que ela continue a encantar e deixar queixos caídos com as gracinhas que faz, com os sorrisos que distribui.
E esqueci de tudo, principalmente daqueles que um dia me fizeram mal. Eu os perdoei. São fatos menores ante a responsabilidade de dispensar amor à minha família, às minhas filhas. O que me fizeram não alterou nada em mim, não diminuiu minha felicidade, não me fez menor. Agora, se algo aos que amo acontecer, aí eu perco tudo. Eu perco chão. Eu emudeço. Volto a ser pó, ou então enlouqueço.
Revivi.
Morri e agora retorno com um olhar diferente sob o mundo.
Ainda morro, mas de medo, um medo que vai me acompanhar pra sempre e que vai guardar necessariamente aquela imagem nos meus quintais, pra que eu vez em quando recorra a ela e mude o que for necessário mudar e que compreenda o que nada me é possível fazer.
E tenho amor, muito, tanto, que já não me percebo fora disso, que já não sobreviveria sem a felicidade que toma conta de mim.
Obrigada meu Pai, pastor eterno. Obrigada minha Mãe, que jogou sobre minha estrelinha o seu manto sagrado e, mais uma vez, aumentou minha fé.
Finalmente, sei o que é AMOR que não se mede!
Amém!
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Mãe é de graça!
"Em homenagem ao Dia das Mães, posto um texto que gosto muito, pra variar, da Martha Medeiros"
É bom ter mãe quando se é criança, e também é bom quando se é adulto.
Quando se é adolescente pensamos que viveríamos melhor sem ela, mas é erro de cálculo.
Mãe é bom em qualquer idade.
Sem ela, ficamos órfãos de tudo, já que o mundo lá fora não é nem um pouco maternal conosco.
O mundo não se importa se estamos desagasalhados e passando fome.
Não liga se virarmos a noite na rua, não dá a mínima se estamos acompanhados por maus elementos.
O mundo quer defender o seu, não o nosso.
O mundo quer que a gente fique horas no telefone, torrando dinheiro.
Quer que a gente case logo e compre um apartamento que vai nos deixar endividado por 20 anos.
O mundo quer que a gente ande na moda, que a gente troque de carro, que a gente tenha boa aparência, e estoure o cartão de crédito.
Mãe também quer que a gente tenha boa aparência, mas está mais preocupada com o nosso banho, com os nossos dentes e nossos ouvidos, com a nossa limpeza interna: não quer que a gente se drogue, que a gente fume, que a gente beba.
O mundo nos olha superficialmente.
Não consegue enxergar através.
Não detecta nossa tristeza, nosso queixo que treme, nosso abatimento.
O mundo quer que sejamos lindos, sarados e vitoriosos, para enfeitar ele próprio, como se fôssemos objetos de decoração do planeta.
O mundo não tira nossa febre, não penteia nosso cabelo, não oferece um pedaço de bolo feito em casa.
O mundo quer nosso voto, mas não quer atender nossas necessidades.
O mundo, quando não concorda com a gente, nos pune, nos rotula, nos exclui.
O mundo não tem doçura, não tem paciência, não pára para nos ouvir.
O mundo pergunta quantos eletrodomésticos temos em casa e qual é o nosso grau de instrução, mas não sabe nada dos nossos medos de infância, das nossas notas no colégio, de como foi duro arranjar o primeiro emprego.
Para o mundo, quem menos corre, voa.
Quem não se comunica se trumbica.
Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
O mundo não quer saber de indivíduos, e sim de slogans e estatísticas...
Mãe é de outro mundo.
É emocionalmente incorreta: exclusivista, parcial, metida, brigona, insistente, dramática, chega a ser até corruptível se oferecermos em troca alguma atenção.
Mãe sofre no lugar da gente, se preocupa com detalhes e tenta adivinhar todas as nossas vontades.
Enquanto que o mundo propriamente dito, exige eficiência máxima, seleciona os mais bem dotados e cobra caro pelo seu tempo.
Mãe, não! Mãe é de graça!
É bom ter mãe quando se é criança, e também é bom quando se é adulto.
Quando se é adolescente pensamos que viveríamos melhor sem ela, mas é erro de cálculo.
Mãe é bom em qualquer idade.
Sem ela, ficamos órfãos de tudo, já que o mundo lá fora não é nem um pouco maternal conosco.
O mundo não se importa se estamos desagasalhados e passando fome.
Não liga se virarmos a noite na rua, não dá a mínima se estamos acompanhados por maus elementos.
O mundo quer defender o seu, não o nosso.
O mundo quer que a gente fique horas no telefone, torrando dinheiro.
Quer que a gente case logo e compre um apartamento que vai nos deixar endividado por 20 anos.
O mundo quer que a gente ande na moda, que a gente troque de carro, que a gente tenha boa aparência, e estoure o cartão de crédito.
Mãe também quer que a gente tenha boa aparência, mas está mais preocupada com o nosso banho, com os nossos dentes e nossos ouvidos, com a nossa limpeza interna: não quer que a gente se drogue, que a gente fume, que a gente beba.
O mundo nos olha superficialmente.
Não consegue enxergar através.
Não detecta nossa tristeza, nosso queixo que treme, nosso abatimento.
O mundo quer que sejamos lindos, sarados e vitoriosos, para enfeitar ele próprio, como se fôssemos objetos de decoração do planeta.
O mundo não tira nossa febre, não penteia nosso cabelo, não oferece um pedaço de bolo feito em casa.
O mundo quer nosso voto, mas não quer atender nossas necessidades.
O mundo, quando não concorda com a gente, nos pune, nos rotula, nos exclui.
O mundo não tem doçura, não tem paciência, não pára para nos ouvir.
O mundo pergunta quantos eletrodomésticos temos em casa e qual é o nosso grau de instrução, mas não sabe nada dos nossos medos de infância, das nossas notas no colégio, de como foi duro arranjar o primeiro emprego.
Para o mundo, quem menos corre, voa.
Quem não se comunica se trumbica.
Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
O mundo não quer saber de indivíduos, e sim de slogans e estatísticas...
Mãe é de outro mundo.
É emocionalmente incorreta: exclusivista, parcial, metida, brigona, insistente, dramática, chega a ser até corruptível se oferecermos em troca alguma atenção.
Mãe sofre no lugar da gente, se preocupa com detalhes e tenta adivinhar todas as nossas vontades.
Enquanto que o mundo propriamente dito, exige eficiência máxima, seleciona os mais bem dotados e cobra caro pelo seu tempo.
Mãe, não! Mãe é de graça!
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