terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Labutar

Ele tinha razão quando dizia que elas deviam trabalhar muito porque precisavam preencher algum vazio. Há duas semanas que tenho lembrado diariamente disso depois que tomei a decisão de enfiar a cara, o corpo e alma no trabalho. Tenho chegado em casa exausta depois de duas semanas de dupla jornada. Exausta e satisfeita. Exausta e pensativa. Exausta e grata a Deus pelas oportunidades. Exausta e feliz. Exausta e triste. E é justamente por esta última observação que minha cabeça lateja por várias noites. Eu perdi, definitivamente eu perdi. Perdi a vontade de levar adiante meu sonho, joguei a toalha e agora me resta preencher esse vazio de alguma forma.
Há momentos na vida em que temos de abrir mão daquilo que queremos, que idealizamos, em prol do imediatismo, de soluções instantâneas que de alguma forma abrirão um buraco em nossas vidas, um vazio, um vão e nos farão olhar pra nós mesmos com aquela cara de arrependidos.
Repito hoje a mesma coisa que fiz há quatro anos, e mesmo com um milhão e setecentas mil dúvidas na cabeça, quero acreditar que é o melhor a ser feito no momento, repetindo um ritual de auto engano. Faço contas matemáticas e mnemônicas na tentativa cruel e inútil de me convencer de que estou tomando uma decisão acertada. Invento histórias, finjo satisfação e o que sobra é esse grito preso na garganta, essa dor no peito...
Abrir mão. Eu sempre soube que não se pode ter tudo o que se quer e por isso é inevitável ter que abrir mão de algumas coisas, só não imaginei o quanto isso era cruel quando se trata do teu sonho. Eu chorei de alegria ao pisar pela primeira vez no Rio de Janeiro. Era um sonho de menina, que eu jamais imaginei realizar. Na verdade cria impossível e quando aconteceu foi como se eu fosse capaz de conseguir todos os outros, mas não é bem assim. Pra que esse fosse realizado um outro foi deixado de lado.
Dirão: "Mas não é assim a vida? Ganha-se aqui, perde-se acolá e vamos levando..."
Respondo: Não, não a minha vida tão feliz e sempre proclamada.
Eu perdi, e o que me resta é dar conta disso, aceitar os fatos e seguir, de alguma forma seguir.
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Olha Clau...