Eu e meu apreço por gente simples e aversão a gente metida a besta.
Na porta do cursinho um senhor vende pipoca. Eu compro quase todo dia. Compro porque sempre fico fazendo cálculos mentais do quanto ele precisa vender pra alcançar um salário mínimo que seja. Faço pra ajudar e de quebra saboreio a pipoca crocante e quentinha.
Hoje, além de comprar puxei um dedo de prosa, que ele sem a menor cerimônia correspondeu. Contou-me que o ano passado foi difícil, pois ficou sem vender por quatro meses, vitimado por uma bala perdida que lhe atingiu as costas e saiu rompendo nervos do braço esquerdo, limitando-lhe os movimentos. O fato aconteceu no trajeto de sua casa pra porta do cursinho. Mas como toda boa gente disse que graças a Deus estava recuperado e podia trabalhar novamente.
Seria inútil xingar o tipo de segurança pública que temos. É precária, sabemos.
Friso, na verdade, o esforço deste trabalhador e a vontade que teve de contar sua história. Muitas vezes não somos capazes de ouvir o outro porque são invisíveis aos nossos olhos, seja por nosso egoísmo, falta de tempo ou orgulho besta mesmo, que margeia ainda mais quem à margem já está.
Quero deixar claro que esse tipo de pessoa é que tem meu respeito e admiração: gente simples, humana, trabalhadora; que não se exulta tentando humilhar ninguém ou tecendo comentários desagradáveis em assuntos que não lhes foram solicitadas opiniões.
Somos todos de carne e osso, minha gente. Nascemos, morreremos, apodreceremos ou viraremos cinzas, simples assim. É prudente ser gente durante esse intervalo.
Boa noite.
(Postado originalmente no Facebook em 18/02/14)
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Olha Clau...