sexta-feira, 18 de junho de 2010
Cartas entre amigos
Em meio à chegada do sono, terminei ontem a leitura do segundo Cartas entre Amigos, dos maravilhosos Gabriel Chalita e Pe. Fábio de Melo, com o subtítulo: Sobre Ganhar e Perder. Triste pelo fim e ansiosa pelo próximo volume.
É leitura que não se almeja terminar, que se deseja que o livro tenha o tamanho de uma Enciclopédia Barsa.
Discorrem os amigos sobre assuntos cotidianos que vão das mazelas humanas (incluindo aquelas que nos diminuem moralmente) à religiosidade. Além de temas subjetivos e sempre recordados, como o amor. Bailam com mestria entre palavras de sabedoria e com a propriedade dos bons escritores.
Não se trata de um livro de auto-ajuda como muitos podem achar. É na verdade um tratado sobre os mais variados temas. Coisas que os intrigaram em algum momento de suas vidas, ou que ainda os intrigam; presenciados ou apenas que deles tiveram conhecimento. E sobre esses temas aparecem as perdas e os ganhos.
Entremeiam nossa leitura com excertos de poemas, músicas, estórias e fatos verídicos. Indagam-se. Respondem-se. Suas dúvidas são nossas. Suas respostas preenchem vazios, explicam aquilo de que gostaríamos de obter palavras esclarecedoras.
É de "lamber os dedos" e, melhor que isso, utilizam a prosa como forma de escrita, pois trata-se de cartas trocadas ao longo de meses. Somam 18 cuidadosa e primorosamente escritas.
É como se fôssemos expectadores de uma conversa ocorrida no banco da praça de uma cidadezinha do interior, onde dois velhos sábios trocam a sesta vespertina por uma xícara de café com brôa de milho à sombra de uma mangueira, divagando sobre os "causos" daquela cidade, que no livro se transforma em um mundo inteiro e na minha vida, e na sua vida. Fatos marcados pelo lirismo de quem transformou suas andanças, presenciamentos e estudos em poesia concreta.
Está ai, leiam. Reflitam. Deleitem-se.
É necessário conhecer a obra, ou melhor, conhecer suas obras, ouvir suas palavras. Gabriel Chalita e Pe. Fábio têm a leveza de poucos. Até suas críticas são como abraços. talvez seja por professarem a fé que professam e por terem a figura de Jesus em seus átrios. Por serem portadores de sabedoria, de sensibilidade, de humanidade, tamanha que os fazem exercer a autoridade afetiva que tanto discorrem, sobre mim. Mesmo sem me conhecer, vistam meus quintais diariamente e, vez em quando me carregam no colo.
Despeço-me com um trecho de um poema lá descrito, pra ficar o desejo de visita.
"Meus olhos teimam em beber distâncias.
Na busca antiga de varar caminhos.
Onde as porteiras não limitam os sonhos.
Nem são cativos os que são sozinhos.
Meus olhos teimam em beber estrelas.
No breu celeste onde a lua navega".
Beijinhos letrados
Clau
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