quarta-feira, 28 de julho de 2010
Há um vilarejo ali...
Como todo mortal que se preze, final do mês meu dinheiro já bateu asas e voou, por conta disso demorei (e muito) a aceitar o convite de uma admirável amiga para passar o final de semana em Ajuruteua.
Graças à negociações amigáveis e o pesar de prós e contras arrumei a mochila e fui! De antemão me avisou minha amiga: "olha, o lugar lá é muito simples". E daí? Definitivamente isso não é tarefa difícil pra mim, pois minha infância foi regada aos pique-niques de minha vó Ana pelo interior do estado, vividos entre passeios de pau-de-arara, banho em igarapés, fruta no pé e cheiro de querosene de lamparina.
Nossa viagem começou cedinho. Uma viagem que normalmente não duraria mais de 3 horas e meia de estrada se o esposo de minha amiga não tivesse esquecido o caminho e nos deixado chegar a 30km de São Luis. Por pouco não fui visitar meus tios e primos na capital maranhense. Rsrsrs.
Viagem looonga, mas que eu jamais imaginaria o quanto valeria a pena. Logo de cara fomos recebidos por dois seres extraordinários, que dentro de suas simplicidades me mostraram a grandeza real do ser humano. Refiro-me ao seu Domingos e dona Lorica, nossos anfitriões que trataram imediatamente de preparar um "avoado" (peixe fresco assado de brasa com farinha d'água bragantina), pois estávamos mortos de fome já que nada tínhamos comido na estrada na ãnsia de chegarmos logo ao nosso destino: Vila de Ajuru.
Lá o chão é de terra branca feito neve, as casas são de madeira, o vento corre frouxo e nossos astros celestes são muito mais clarividentes. Pra dormir, uma boa baladeira que embalança à beira do rio-mar, o peixe é fresco e tem pra todos os gostos: cação, gó, serra, dourada..., além de um açai fresquinho. O lugar é sem pressa, celulares passam por um processo de odisséia pra ter sinal, e o ambiente modorrento nos obriga sempre a um dedo de prosa. O mar tem sua água morninha morninha e o sol é inclemente mesmo com a tentativa de ser boicotado por bloqueadores dos mais altos escalões de fator UVA/UVB. Eu que o diga! Batizada de "Gasparzinho" desde os primeiros dias e totalmente inimiga do sol ainda voltei como uma tal de marquinha. Leve, bem leve. E os dias, com as bênçãos de Deus, passaram-se arrastados entre peixes, chopes, wiskys, risos e causos engraçados:
Teve um "amor" de verão na última noite que provocou comentários e ciúmes.
Teve um porre homérico com direito a pedido de casamento e tudo, além de busca desenfreada pelos labirintos de casas, mato e praia.
Teve estresse desnecessário.
Teve aniversário de gente nota 1.000!
Mas esses últimos assuntos ficam para minhas reminiscências e para os bastidores. O que fica é o fato de saber que ainda há um lugar onde a paz pode reinar.
"Há um vilarejo ali, onde areja um vento bom
Na varanda quem descansa vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mães
Paraiso se mudou para lá
Por cima das casas, cal
Frutos em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonhos semeando um mundo real
Toda gente cabe lá, Palestina, Xangrilá
Vem andar e voa...
Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas pra sorte entrar
Em todas as mesas: pão
Flores enfeitando os caminhos, os vestidos, os destinos e essa canção
Tem um verdadeiro amor para quando você for..."
Beijinhos,
Clau
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Adorei o texto!!... só quem estava lá, é que sabe o nome dos "personagens"!!
ResponderExcluirParabéns Clau, sou sua fã!!
:)
Valeu Bióca, são causos e causos guardados a 5 bocas. rsrs
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