sexta-feira, 3 de junho de 2011

Discussão acalorada

Ou eu e meus pensamentos e estudos estamos completamente equivocados ou devemos definitivamente esquecer os anos de pesquisa de Willian Labov e o tal do doutourado de Marcos Bagno, Stella Maris Bortoni-Ricardo e Sirio Possenti. O fato é que me sinto muito impotente diante de toda a discrimação que tá rolando pra cima da nova cartilha do MEC, ainda mais quando vejo pessoas de nível cultural considerados altos e formadoras de opinião levantarem a bandeira do contra.
Outro dia até assisti o Sr. Ministro da Educação tentando defender a proposta da cartilha, mas ele sequer teve o direito de voz.
Não, caríssimos, a nova cartilha do MEC, apesar de não a ter lido, não "vem para deixar os pobres cada vez mais pobres". Não vem "para ensinar a falar errado". Não "vem para excluir" e muito menos "para acabar com a Língua Portuguesa". Pelo que entendi até agora, vem exatamente para tentar respeitar as línguas desprestigiadas e mostrar que, falamos Português Brasileiro e não a língua de Luis de Camões em terras lusitanas. Vem deixar claro anos e anos de pesquisas que têm como base os fenômenos sociolinguísticos, que dão ênfase a uma língua que é um organismo vivo e jamais imutável, ou será que ainda usamos como pronome de tratamento o já em desuso "vossa mercê"? Ou ainda nos comunicamos com o outro na segunda pessoa do plural? Vós sabeis me responder??
O fato é que mudança e preconceito ainda são facas de dois gumes na mente de pessoas que ainda não largaram seus tacapes, apesar de se acharem "mudernas". Pior ainda, criticam as evidências dos fatos: a língua muda, existe claramente em nosso país não só uma heterogeneidade cultural, mas também uma heterogeneidade linguística. Mas infelizmente a cultura do certo e errado ainda é latente e têm excluído muita gente de bem por aí.
O importante acima de tudo é não subestimar profissionais de pesquisa sociolinguística que há anos perceberam e ainda percebem o que muita gente ainda se nega a enxergar: o preconceito linguístico. E não abrir a boca para criticar sem ter fundamento.
Ainda há muito pano pra manga nessa história, como sabiamos que daria o dia que se resolvesse colocar a pesquisa para domínio público. Só não vê que nao quiser!

José Luiz Fiorin: “Não existe nenhum linguísta que defenda que no ensino não se deva ensinar a norma culta da língua.”

O livro, da Editora Global, "acata orientações dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) em relação à concepção de língua/linguagem, orientações que já estão em andamento há mais de uma década. Além disso, não somente este, mas outros livros didáticos englobam a discussão da variação linguística com o intuito de ressaltar o papel e a importância da norma culta no mundo letrado", segundo Maria José Foltran (ABRALIN).

Um comentário:

  1. Eu não jogo pedra enquanto não ver pessoalmente os textos em questão. E a explicação do ministro não me pareceu sem fundamento, mas pra fechar o assunto é necessário que as pessoas tenham acesso aos livros.
    Um abraço moça e obrigado pelo outro ponto de vista.

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Olha Clau...